ADOÇÃO: UM ATO DE AMOR
Zildinha Sequeira
A adoção, mais do que um ato jurídico, é um ato de amor. É reconhecer no filho(a) gerado por outras pessoas, nosso filho(a). Para haver adoção é necessário que tenha havido antes uma situação de abandono e que, por menos sofrimento que tenha sido para a criança, mexe muito. Essa história anterior não dá pra ser modificada, mas dá para se construir uma outra história, pontuada de gestos de solidariedade, respeito, verdade e amor. Muitos pais, principalmente por medo de provocar sofrimento no filho(a), ficam adiando e, às vezes, não contam que ele é um filho adotivo (segredos exigem omissões e mentiras). Encare a situação com naturalidade e fale a verdade o quanto antes, não deixe que seu filho saiba da adoção por terceiros, isso provoca um sentimento de traição e dor. Aproveite uma situação como a gravidez de alguém próximo, o nascimento de um bichinho, um filme e conte como ele chegou à família e como começou a história de amor de vocês. Evite falar termos como "filho do coração", pois, filhos adotivos ou naturais, são sempre do coração. Ele nasceu da barriga de alguém que não pode criá-lo(a) e que vocês o escolheram para ser seu filho(a) para o resto da vida.Cuidado com os mitosO mito de que os filhos adotivos nunca serão amados como os filhos biológicos ou que eles darão problema, cedo ou tarde, é absurdo e preconceituoso, pois os filhos biológicos também podem apresentar sérios problemas comportamentais. Tudo que pode acontecer ao filho adotivo, também pode acontecer ao filho biológico. Mas, a sociedade tende a ser menos tolerante com as atitudes das crianças adotadas, devido ao preconceito e à falta de informação. Algo que preocupa os pretendentes à adoção é saber a origem das crianças, saber se elas eram filhos(as) de prostitutas, marginais, delinqüentes,... pois têm receio de que essas características possam ser herdadas geneticamente. Estudos comprovam que "há muito de genética sim, mas nem tanto que não possa ser modificado pelo meio e pela educação".A maioria das crianças não apresenta problemas em decorrência da adoção, e sim em razão da infância ser um período marcado pelas descobertas e pelos testes de limites, sendo necessário que os pais funcionem como modelo de autoridade e estabeleçam, claramente, os limites aceitos pela família. Contudo, algumas crianças adotivas apresentam dificuldade em aceitar afeto, em conseqüência de uma história anterior de rejeição, e passam a "aprontar todas", querendo testar o amor dos pais, mas, na verdade, tudo o que ela precisa é se sentir acolhida, cuidada e amada para se desenvolver de forma saudável, como qualquer criança.Um amor conquistadoPara ser pai e mãe, não é necessário que se tenha vivido uma gestação biológica e sim afetiva. Procriar é fisiológico; criar é afetivo. Laços de sangue não são, necessariamente, os mais fortes. Quantas vezes temos mais afinidades com amigos do que com membros de nossa própria família? É a convivência amorosa que gera oportunidade de trocas de afeto, de carinho, de falar, de ouvir, de acolher e de estimular, de orientar e promover crescimento. Alguns filhos adotivos manifestam o desejo de conhecer seus "pais biológicos", mas, não se preocupe, isso não quer dizer que ele não os ame e nem que deseja mudar de família e sim que deseja conhecer "um pedaço da sua história" para que elabore o fato de que foi abandonado(a) não por não merecer ser amado(a) e sim por ter sido gerado em uma família que não teve condições para criá-lo. É importante que você esteja ao lado do seu filho nesse momento, pois isso faz parte da construção de uma relação baseada na verdade, no respeito e no afeto. Afinal, filhos desejados ou escolhidos serão sempre filhos do amor.
Jornal “O Liberal” - Revista Troppo (Belém 21 de Novembro de 2010)
Já tinha lido esse texto lá no grupo e adorei !
ResponderExcluirBjsss.
Apreciei particularmente a afirmação de que é a convivência amorosa e não os laços de sangue que une as pessoas. Eu não adotei, tenho dois filhos, mas a minha melhor amiga é adotada e ela tem uma relação muito equilibrada com os pais, o que contraria os mitos que você citou!
ResponderExcluirExcelente post, irei repassar!
Bj
Adri
Eu amo ver pessoas batalharem pela divulgação de temos pouco explorados pela mídia e que precisam de espaço para combaterem mitos... Que bom que luta por essa cusa! Parabéns e pode contar comigo nessa sempre que quiser e precisar.
ResponderExcluirEsse mito de a origem ingluenciar eu já ouvi tanto... eu não acredito não... acho que a criação é o que conta e o amor vence tudo. Sou super a favor de adoção e admiro que adota... não só criahnças como tbm animais sem lar, maltratados na rua (eu amo animais e luto por essa causa tbm). Sangue não quer dizer nada se não houver compreensão, afinidade e amor... tanto que tem gente que se dá melhor com os amigos que o irmão. E tbm acredito que nada é por acaso pois sou espirita e sei que ninguém para em uma familia por acaso, seja filho biologico ou não... mas isso é um assunto polêmico pois cada um tem a sua crença!
Só sei que adotar é um grande exemplo de amor!