segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O que é preciso para se amar um FILHO?

Começo este post com esta pergunta: o que é preciso para amar um filho?

Eu não gerei meus filhos e daria minha vida por cada um deles. Quando eles eram pequenos e reclamavam de não terem saído da minha barriga eu falava: se você tivesse um problema grave no coração e o médico dissesse que só o meu coração te salvaria, eu daria meu coração para você porque eu te amo e não importa de onde você tenha vindo! Falei isso anos para eles e é a mais pura verdade. Por meus filhos sou capaz de matar e morrer, literalmente.

Agora vamos ponto:

Imagem de Fica Duda - página no Facebook

Há alguns dias, cerca de duas ou três semanas, veio a público o caso Duda. Para quem não sabe, Duda é uma criança de 4 anos, quase 5, que foi retirada de sua família biológica aos 60 DIAS de vida junto com 6 irmãos por maus tratos. Todos foram abrigados. Duda ficou cerca de 15 meses no abrigo e está há cerca de quase 3 anos com a família adotiva. Ela não foi adotada ainda porque dependia da destituição do poder familiar para que a adoção se concretizasse. Pois bem, em meio à demora da justiça em julgar a destituição, após quase 5 anos afastada da família biológica, vivendo a maior parte de sua vidinha com a família adotiva, ela está correndo o risco de ser devolvida à família de origem.
Seus pais, os pais que cuidam dela há quase 3 anos passaram por todo o processo para habilitação e aguardaram na fila cerca de 5 anos. O fórum entrou em contato e apresentou-lhes Duda para adoção.
Esta família ama a Duda. Duda ama a família. Esta é a ÚNICA família que Duda conhece. A única família que lhe deu amor e cuidados, porém Duda não nasceu biologicamente desta família.
Quem julga o caso crê que ela deva ficar com a família biológica apesar dos maus tratos, apesar de eles serem estranhos para esta criança, apesar de terem a mesma genética.
E para que Duda tenha o direito de ser mantida na única família que ela conhece, que tenha o direito de ser tratada como sujeito de direito e não como propriedade dos pais biológicos, surgiu o movimento #ficaDuda nas redes sociais! No twittaço, o #ficaduda ficou duas vezes em primeiro lugar no trending topics Brasil do Twitter.
A ANGAAD - Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção, bem como os grupos de apoio de todo o país estão se mobilizando para tentar garantir que Duda e sua família tenham seus direitos preservados!
Aqui neste caso não se está levando em consideração os laços de amor e afetividade ou os danos que a separação desta criança da família vai lhe causar. Só está se levando em conta que os pais biológicos agora, após quase 5 anos, se sentem capazes de recuperar os filhos, isso independente de qualquer consideração sobre o que é melhor para a criança! Leva-se em conta o direito dos genitores de criarem os filhos sem levar nenhum outro ponto desta história em consideração.

Imagem de Yahoo Notícias

Em contrapartida, na última semana Joaquim, 3 anos, que morava com a mãe biológica e o padrasto desapareceu.
Joaquim apareceu morto, boiando no rio, enroscado num barranco, há cerca de 150km de sua casa.
Não existe nada confirmado a respeito de a mãe ter participação direta na morte e no descarte da criança, entretanto ela está presa sob suspeita.

Nesta mesma linha temos Isabella Nardoni e Joanna Marcenal, os irmãos João Vítor e Vitor, todos mortos pelos seus pai e a madrasta. Os irmãos foram mortos e esquartejados!
Temos também os casos menos midiáticos, porém não menos importantes, de crianças jogadas em caçambas, em lagoas dentro de sacos com pedra para afundar, de crianças enterradas vivas, jogadas por cima de muro em terreno baldio, abandonadas em formigueiro, ou simplesmente jogadas no lixo. Todas estas foram crianças 'descartadas' por suas mães biológicas.

Então só relembrando estes casos e sem elaborar um juízo de valor porque não é este o objetivo deste post, eu volto a perguntar: o que é preciso para se amar um filho? É sangue? É ter o mesmo DNA? É ter a mesma genética?
Estes casos provam que não!
Conforme falei, eu daria minha vida por meus filhos. Tenho certeza absoluta que os pais da Duda também dariam a vida por ela e nós não temos a mesma genética dos nossos filhos. Eles não nasceram do nosso corpo, mas nasceram da nossa alma!
Nós desejamos ser pais. Nós desejamos estes filhos e os aceitamos incondicionalmente!
Talvez seja esta a diferença entre pais que amam sem ter a genética e pais que matam, apesar de terem a genética do filhos!

Abraço,

Cláudia