sábado, 28 de dezembro de 2013

Um 2014 de equilíbrio e fé!

imagem retirada do google.

Não tenho lista de desejos para 2014.
Nem expectativas, tampouco.
Planos? Só os de Deus para nossas vidas.
Aprendi a viver um dia por vez, a fazer a minha parte, a trabalhar pelo bem dos que me cercam no dia de hoje, a atender aos pedidos do coração.
Não faço mais listas. Elas nunca se realizam!
A vida é dinâmica, pulsa e nós...bem, nós somos como surfistas: temos que nos equilibrar na prancha da vida e ir fazendo as manobras de acordo com as ondas.
Planos, projetos de longo prazo engessam.

Que em 2014 eu possa viver um dia por vez, que eu tenha sabedoria para lidar com os imprevistos e que eu possa me tornar, a cada dia, uma pessoa melhor. Sendo melhor para mim, certamente o serei para todos.

imagem retirada do google


Desejo a todos um Ano Novo de paz, luz, renovações.

Claudia

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Um Natal de paz e serenidade!


Então chegamos a mais um Natal.
Quero desejar a todos um Natal de paz e de serenidade!
Aos que estão sofrendo, que as bênçãos e o amor de Jesus possam dar paz e serenidade.
Aos demais, que Jesus abençoe ricamente com muita harmonia familiar, paz e felicidades!

Aos meus familiares e amigos mais próximos da família e da Hisla, que Jesus nos conforte a todos. Que a Mãe Maria nos cubra com seu manto de luz e de amor para que possamos ser resignados aos desígnios do Pai Maior.
Li em algum lugar que o que não se compreende, se aceita com resignação. Que assim seja para todos nós!

Neste sétimo dia de sua partida, minha querida, deixo a mensagem de Santo Agostinho para que todos que te amam nunca duvidem que 'para quem tem fé a vida nunca tem fim".
Um dia todos nos reencontraremos!



"- A morte não é nada

Eu somente passei 
Para o outro lado do caminho 
Eu sou eu , vocês são vocês 
Oque eu era pra vocês 
Eu continuarei sendo
Me deem o nome 
Que vocês sempre me deram
Falem comigo
Como vocês sempre fizeram
Vocês continuam vivendo 
No mundo das criaturas
E eu estou vivendo
No mundo do criador 
Não utilizem um tom solene ou triste
Continuem a rir
Daquilo que nos fazia rir juntos
Rezem , sorriam , pensem em mim . Rezem por mim.
Que meu nome seja pronunciado 
Como sempre foi
Sem enfase de nenhum tipo
Sem nenhum traço de sombra ou tristeza
A vida significa tudo
Oque ela sempre significou
O fio não foi cortado
Porque eu estaria fora dos seus pensamentos ,
Agora que estou apenas fora de suas vistas ?
Eu não estou longe
Apenas estou
Do outro lado do caminho
Você aí que ficou , siga em frente
A vida continua , linda e bela
Como sempre foi.
Um dia vamos nos reencontrar e enquanto esse dia não chega 
Estarei aqui em cima , guiando e cuidando de vocês". (Santo Agostinho)

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Falando de FÉ, sentimentos e arrependimentos

Há cerca de 28 anos tive minha primeira 'perda' com o falecimento de minha avó e nestes aproximados 28 anos aprendi que a fé é algo que não se nasce, se desenvolve. Podemos fortalecer nossa fé com orações a cada dia, assim como os atletas fortalecem os seus músculos com exercícios.
Neste período eu consegui desenvolver minha fé de modo que hoje eu sofro com as perdas, porém dentro do sofrimento cabem a paz e a confiança que Deus não erra nunca.

imagem sofrases.com
Se você me perguntar como se faz isso eu vou te responder: não sei!
Creio que cada pessoa tenha uma forma de fortalecer a sua fé, mas o certo é que ela não se desenvolve 'apenas' com orações. É preciso um movimento em direção a este fortalecimento. Eu não sei explicar como eu fortaleci a minha fé. Só sei que sinto o quanto isto mudou desde o falecimento de minha avó.
Vivendo um dia de cada vez a gente aprende a confiar na Providência e aprende a aceitar o que é inevitável sem desespero.

Embora tenha fortalecido minha fé, tem algo em mim que ainda não desenvolvi: demonstração de afetividade. Eu amo de doer, faço tudo, vivo para ver as pessoas que amo felizes, porém ainda não aprendi a fazer com que elas saibam disso.
E quando a gente não tem esta habilidade desenvolvida, corremos o risco de sofrermos de arrependimento!

Eu amava demais minha avó, porém eu nunca falei para ela isso. Naquele tempo, aos 15 anos, não me lembro se cheguei a me dar conta deste fato, porém eu sei que não basta amar.
Temos necessidade de falar, de demonstrar e eu ainda não aprendi a fazer isso.


Eu tinha uma admiração muito grande pela minha sogra. Algo no nível 'quero ser a metade do que ela é no futuro'. Convivemos por mais de 20 anos, ela adoeceu, eu ia lá ficar com ela, acompanhei a evolução da doença, ela esteve consciente até a véspera de sua passagem e mesmo sabendo que era o fim eu não falei para ela o quanto a admirava. Depois que ela se foi restou o arrependimento de não ter verbalizado. As pessoas dizem: ela sabe!, porém o fato de eu saber que ela sabia não alivia em nada esse sentimento. Eu precisava ter falado.


E agora, pela segunda vez me vejo envolvida neste sentimento.



E eu nunca falei isso para ela! 
 
A minha sobrinha Hisla foi alguém muito importante na minha vida desde a concepção, porém eu não falei isso para ninguém. Talvez nem a mãe dela saiba! A concepção dela aconteceu no mesmo mês em que enviei os documentos para adoção. Embora eu não tivesse uma gestação biológica, minha barriga não crescesse, eu não fizesse pré-natal eu me sentia grávida e a gestação da Hisla me proporcionou vivenciar esta fase. Eu 'fiz' pré-natal com a mãe dela, acompanhava as consultas, os ultrassons, ouvia os batimentos da bebê.Era algo extraordinário e não sei bem explicar mas isso funcionou como uma espécie de cartase: o pré-natal dela funcionou como se fosse comigo.

Eu tive oportunidade de fechar o ciclo 'gravidez' assistindo ao parto. Foi sensacional.
Vivenciando esta experiência eu não senti a necessidade de engravidar. Eu vivi intensamente este momento com minha irmã, porém eu nunca sentei com ela e contei esta história.
Eu não conversei com ela, eu não contei o quanto fiquei feliz quando soube que ela era uma sementinha na barriga da mãe dela, eu nunca contei a ela que a primeira roupa da vida dela, a primeira comprada e a primeira que ela usou fui eu quem comprei.
Eu nunca falei para ela a emoção que foi ouvir o coraçãozinho dela batendo naquele aparelho, nunca contei a emoção que senti quando vi sua cabecinha saindo na hora do parto.
Eu não apareci na filmagem das visitas no hospital porque quando eu chegava lá para a visita o cinegrafista do hospital já havia passado e ela pensava que eu não a visitei no hospital. Minha mãe falou que eu fui, minha irmã também, mas eu nunca falei com ela a respeito disso.
Ela morreu sem saber que eu a amava e que ela era importante para mim. Isso hoje está doendo!
Ela viveu 16 anos e eu não falei. A gente sempre pensa que vai ter tempo um dia, mas este dia pode não chegar!




Eu não sei porque eu sou assim, mas espero que esta habilidade seja como a fé e que estas duas experiências me permitam encontrar recursos dentro de mim para desenvolver a habilidade de demonstrar o meu amor, de dizer o quanto as pessoas são importantes para mim antes que elas partam, antes que não dê mais tempo, antes que seja tarde!


Hisla, amor, mesmo sendo tarde, mesmo com o coração e a alma sangrando, eu sei que onde você estiver vai sentir minhas palavras e meus sentimentos.
Titia te amou desde a concepção, te ama e te amará até a eternidade. Um dia sei que vamos nos reencontrar, que você cumpriu sua missão breve aqui e sei que terei uma nova chance de te abraçar e dizer tudo isso.
Minha linda, meu anjinho, que Deus te cubra com bênçãos de paz e serenidade onde vc estiver. Vai ficar tudo bem meu amor! Titia agora só pode te dar orações e as darei, todos os dias, não com sentimento de remorso ou de arrependimento, mas com o sentimento do amor que sempre habitou meu coração, mas que eu nunca te falei!
Até breve. Até qualquer dia! Esperarei com paz no coração o dia que vc abrirá o sorriso, os braços e falará novamente: oi tia linda!
Amor eterno!


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O que é preciso para se amar um FILHO?

Começo este post com esta pergunta: o que é preciso para amar um filho?

Eu não gerei meus filhos e daria minha vida por cada um deles. Quando eles eram pequenos e reclamavam de não terem saído da minha barriga eu falava: se você tivesse um problema grave no coração e o médico dissesse que só o meu coração te salvaria, eu daria meu coração para você porque eu te amo e não importa de onde você tenha vindo! Falei isso anos para eles e é a mais pura verdade. Por meus filhos sou capaz de matar e morrer, literalmente.

Agora vamos ponto:

Imagem de Fica Duda - página no Facebook

Há alguns dias, cerca de duas ou três semanas, veio a público o caso Duda. Para quem não sabe, Duda é uma criança de 4 anos, quase 5, que foi retirada de sua família biológica aos 60 DIAS de vida junto com 6 irmãos por maus tratos. Todos foram abrigados. Duda ficou cerca de 15 meses no abrigo e está há cerca de quase 3 anos com a família adotiva. Ela não foi adotada ainda porque dependia da destituição do poder familiar para que a adoção se concretizasse. Pois bem, em meio à demora da justiça em julgar a destituição, após quase 5 anos afastada da família biológica, vivendo a maior parte de sua vidinha com a família adotiva, ela está correndo o risco de ser devolvida à família de origem.
Seus pais, os pais que cuidam dela há quase 3 anos passaram por todo o processo para habilitação e aguardaram na fila cerca de 5 anos. O fórum entrou em contato e apresentou-lhes Duda para adoção.
Esta família ama a Duda. Duda ama a família. Esta é a ÚNICA família que Duda conhece. A única família que lhe deu amor e cuidados, porém Duda não nasceu biologicamente desta família.
Quem julga o caso crê que ela deva ficar com a família biológica apesar dos maus tratos, apesar de eles serem estranhos para esta criança, apesar de terem a mesma genética.
E para que Duda tenha o direito de ser mantida na única família que ela conhece, que tenha o direito de ser tratada como sujeito de direito e não como propriedade dos pais biológicos, surgiu o movimento #ficaDuda nas redes sociais! No twittaço, o #ficaduda ficou duas vezes em primeiro lugar no trending topics Brasil do Twitter.
A ANGAAD - Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção, bem como os grupos de apoio de todo o país estão se mobilizando para tentar garantir que Duda e sua família tenham seus direitos preservados!
Aqui neste caso não se está levando em consideração os laços de amor e afetividade ou os danos que a separação desta criança da família vai lhe causar. Só está se levando em conta que os pais biológicos agora, após quase 5 anos, se sentem capazes de recuperar os filhos, isso independente de qualquer consideração sobre o que é melhor para a criança! Leva-se em conta o direito dos genitores de criarem os filhos sem levar nenhum outro ponto desta história em consideração.

Imagem de Yahoo Notícias

Em contrapartida, na última semana Joaquim, 3 anos, que morava com a mãe biológica e o padrasto desapareceu.
Joaquim apareceu morto, boiando no rio, enroscado num barranco, há cerca de 150km de sua casa.
Não existe nada confirmado a respeito de a mãe ter participação direta na morte e no descarte da criança, entretanto ela está presa sob suspeita.

Nesta mesma linha temos Isabella Nardoni e Joanna Marcenal, os irmãos João Vítor e Vitor, todos mortos pelos seus pai e a madrasta. Os irmãos foram mortos e esquartejados!
Temos também os casos menos midiáticos, porém não menos importantes, de crianças jogadas em caçambas, em lagoas dentro de sacos com pedra para afundar, de crianças enterradas vivas, jogadas por cima de muro em terreno baldio, abandonadas em formigueiro, ou simplesmente jogadas no lixo. Todas estas foram crianças 'descartadas' por suas mães biológicas.

Então só relembrando estes casos e sem elaborar um juízo de valor porque não é este o objetivo deste post, eu volto a perguntar: o que é preciso para se amar um filho? É sangue? É ter o mesmo DNA? É ter a mesma genética?
Estes casos provam que não!
Conforme falei, eu daria minha vida por meus filhos. Tenho certeza absoluta que os pais da Duda também dariam a vida por ela e nós não temos a mesma genética dos nossos filhos. Eles não nasceram do nosso corpo, mas nasceram da nossa alma!
Nós desejamos ser pais. Nós desejamos estes filhos e os aceitamos incondicionalmente!
Talvez seja esta a diferença entre pais que amam sem ter a genética e pais que matam, apesar de terem a genética do filhos!

Abraço,

Cláudia

sábado, 21 de setembro de 2013

Preconceito com preconceito se paga! Será?

Imagem retirada do blog Moda Paralela
Hoje estava fazendo o café da manhã, dando uma espiadinha no Facebook através do celular e me deparo com a seguinte situação: uma pessoa demonstra toda a sua indignação, quando, ao sair da igreja é interpelada sobre se a criança que estava com ela é a criança que 'ela cria'. Esta mãe estava revoltada, com raiva e ao final de seu desabafo escreve 'fala a verdade: dá ou não dá vontade de sentar a mão na cara dessa velha?'.

E aí fiquei pensando, primeiro, na questão de onde ambas estavam:  saindo da igreja! Uma foi sem noção quando interpelou a outra e esta outra, bem mais jovem e com uma filha pequena (imagino!) não foi a vias de fato, mas certamente em pensamento jogou por terra tudo que foi adquirido dentro da igreja, mas este não é o nosso assunto.

Voltemos, então, ao foco deste post que é  preconceito e vamos rever o conceito da palavra criar que tanto revolta alguns pais adotivos.
Até por volta dos anos 80 ou 90 do século passado era comum que famílias criassem crianças que não eram suas, biologicamente falando. Estas crianças eram doadas ou simplesmente iam ficando na casa da família que as criava, muitas vezes até como filhas mesmo, porém elas não eram adotadas legalmente, não eram destituídas de suas famílias de origem, não ganhavam um registro com o nome dos 'pais de criação' e muitas vezes até, embora existisse o sentimento filial e mater/paternal o tratamento era por tio, tia e afilhado (a).
Esse tipo de situação gerou uma cultura: a cultura do pegar para criar. Oras, se formos analisar a fala de pessoas com mais de 60 anos que se referem a filhos adotivos como filhos de criação poderemos dizer que estas pessoas têm preconceito? Pode até ser que sim, que tenham o preconceito sobre criar-se uma criança que não seja do seu sangue, entretanto sou mais levada a pensar que muito mais que o preconceito, reside aí a questão da cultura popular: quem tem uma criança que não gerou, a está criando. Fim. Sou capaz de apostar meu dedo mindinho que a maioria das pessoas idosas (e não velhas como a moça se referiu) são muito mais movidas pela cultura popular do que pelo preconceito.
Quando uma pessoa idosa me pergunta se meus filhos são 'as crianças que eu crio' vejo duas situações que a motivaram a perguntar: 1. curiosidade, caso contrário ela não perguntaria; 2. cultura popular e falta de vocabulário por falta de conhecimento do que seja adoção e dos sentimentos que a envolvem.
Uma pessoa que é preconceituosa vai falar que você é louca, que criar 'filho duzotro' é loucura, que você só vai saber o que é ser mãe quando tiver seus próprios filhos, que filho adotivo é ingrato, que pode matar a família inteira e tantas outras coisas mais. Isso é preconceito escancarado e é, também, falta de pensar um pouco porque tudo isso que a pessoa atribui a filhos adotivos os biológicos também fazem.
Essas pessoas, por incrível que pareça, têm menos de 60 anos. Beeem menos, diga-se de passagem. Não estou dizendo com isso que não existam idosos preconceituosos. Todos somos preconceituosos em maior ou menor grau em algum assunto. O que nos diferencia é a forma como lidamos com nossos preconceitos!
Uma pessoa que pergunta se a criança que está com você é a que você cria está apenas curiosa para saber se aquele é seu filho, o que você adotou, o que você não gerou. Ela apenas não sabe utilizar a expressão seu filho porque o que ela conhece de adoção é o que se chamava, antigamente, de agregados, onde o filho adotivo era filho só no sentimento. Está muito mais movida pelo conceito popular do que pelo preconceito!

Isso posto, ainda que haja preconceito de quem interpela nos moldes que esta moça foi interpelada, penso que não é possível se combater o preconceito com agressão. Nós, pais adotivos, precisamos ser agentes modificadores em nosso meio junto aos que nos cercam e que não tenham familiaridade com o que seja a adoção de verdade, e só podemos combater o preconceito com informação, com respostas sutis porém firmes, com orientação. Não vejo como uma pessoa possa refletir sobre o que é adoção e sobre o que é um filho adotivo - que é um filho apenas, como qualquer outro - se esta pessoa receber uma agressão pela sua curiosidade ou se ela for, simplesmente, ignorada.
Ainda que a pessoa seja movida por uma união de curiosidade e preconceito você só conseguirá fazê-la refletir se levar até ela informação. Uma pessoa que faz uma pergunta destas talvez nunca tenha ouvido de uma mãe adotiva um: 'sim, é a criança que eu crio porque ela é minha filha. Todos os pais criam os seus filhos'.

O problema maior que vejo não é o preconceito contra o adotado, contra a mãe ou contra a adoção. O problema maior que vejo é o preconceito contra palavras! A frase 'essa é a criança que você cria' causa revolta em muitos pais adotivos. Li hoje no desabafo da moça um senhor (ou um jovem, não sei!) responder que ele cria cachorros e gatos, filhos não! Oras, então quem cria os filhos dele?
Pelamor, nós temos que pensar um pouco! Todos nós criamos nossos filhos, SIM. As mães biológicas deles não os criaram porque, por algum motivo, eles estão com a gente e nós somos os pais!
Mais uma vez eu repito que o 'cria' no sentido de 'ser de criação' faz parte da cultura popular antiga e não propriamente de algum preconceito!
Na maioria das vezes o medo de sofrer preconceito faz com que as pessoas sequer analisem situações. Elas próprias têm preconceito contra algumas palavras e se ofendem profundamente, sentindo desejo de devolver o possível preconceito do outro com agressão.
Daí eu concluo que o problema do preconceito, em alguns casos, não é exatamente de preconceito propriamente dito, mas sim de pobreza no léxico gramatical e da atribuição de um único conceito a determinadas palavras.
Vamos analisar o que é perguntado, vamos ver a idade de quem pergunta e o tom que ela usa. Vamos ser transformadores do nosso meio levando informação. O trabalho de acabar com o preconceito é um trabalho de formiguinha: você dá um esclarecimento aqui e ali, você fala com naturalidade da sua família e de como você se tornou mãe/pai e as pessoas começam a pensar no assunto. Pode ser até que esta mesma pessoa se interesse tanto pelo assunto que venha de novo conversar com você, venha querer saber mais e ela não merece ser tratada com agressão apenas porque não sabe usar as palavras certas!

Nesta questão do preconceito específico de filhos adotivos tem uma outra questão: geralmente somos interpelados quando a criança está junto. Enquanto ela é bebê, tudo bem, a gente faz cara de paisagem, finge que não entendeu. Acontece que criança cresce. E cresce rápido! Para a criança ficará registrado se adoção é algo bom ou ruim de acordo com a forma como os pais lidam com este tipo de situação. Se a mãe aceita uma simples pergunta, ainda que uma pergunta feita de forma grosseira, como uma agressão e como um preconceito a criança que está com ela vai entender que o mundo é cruel e que ela será uma vítima a vida inteira por ser adotada.
Eu não estou dizendo que a forma como as pessoas falam não dê raiva. Dá! Dá sim porque eu já senti raiva muitas vezes, entretanto não é o sentimento que nos causa que é o fator essencial e sim a forma como lidamos com ele. Eu senti raiva muitas vezes, mas falei com naturalidade sobre meus filhos, sobre adoção, sobre o amor que nos une e meus filhos nunca se sentiram vítimas de preconceito quando foram (e ainda são!) interpelados.

É isso que eu quero dizer: as coisas têm o valor que damos a elas! Se dermos valor maior ao esclarecimento e à naturalidade da relação que temos com nossos filhos é isso que vai ficar registrado na alma deles. É isso que ficará registrado na alma de quem interpelou. É isso que fará a pequena modificação ao nosso redor.

Quer ver uma bela reflexão sobre o preconceito de modo geral? Então visite Moda Paralela e veja o texto que a Fernanda Klink escreveu.

Cláudia

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Dermatite atópica, asma e o inverno!

Hoje quero falar de uma doença muito chata: a dermatite atópica

Você sabe o que é?  Falando de forma leiga é uma doença de pele que coça muito e provoca lesões (ou que provoca lesões e coça muito) e geralmente incide no inverno porque pele seca e tempo seco não combinam!

Tecnicamente falando:


"A dermatite atópica é uma desordem inflamatória, pruriginosa, crônica, de início comum na infância (em média aos 3 meses de idade) e que, como tudo que é ruim na vida, pode persistir até a idade adulta. Acomete todas as raças, tem forte componente familiar (é como eu digo, se fosse um olho azul, a pessoa não herdaria... você conhece a lei de Murphy da genética?) e pode se associar a outras doenças alérgicas." 
"Metade das crianças afetadas pode desenvolver asma, rinite alérgica ou urticária"

Trecho  e foto retirados de Minha pele é melhor que a sua da Luciana Leal. O grifo e negrito são meus.


Ainda tecnicamente falando, no site da Clínica Paulista de Alergia,
"Observa-se que, nos lactentes, as lesões são mais comuns na face, couro cabeludo e região de uso de fraldas. Já nas crianças maiores e adultos, as lesões são mais secas, escuras e espessadas e localizam-se nas dobras da pele (pescoço, cotovelo, região posterior do joelho). No adulto pode ocorrer o desaparecimento total das lesões ou então, a doença pode ter evolução crônica, apresentando períodos de agravamento ou melhora dos sintomas."

Agora trocando em miúdos: a Taís saiu da maternidade com lesões na pele. A foto que recebi dela no dia do abrigamento destaca as lesões nos pulsos dos 2 bracinhos. Ela foi diagnosticada com essa bendita dermatite logo que chegou para mim Ela tinha nas bochechas, nos pulsos, nas dobras dos 2 braços e nas dobras da parte posterior dos joelhos das duas pernas. Tinha também nas nádegas onde ficava o contado com a fralda.
Vou falar: é uma doença chatéééérrima de tratar. Você vive ou passando pomadas, ou passando cremes. Tem, também, o remédio por via oral. Um anti-alérgico para diminuir a coceira.

Geralmente a pele de quem tem essa doença é uma pele seca. A pior época do ano para essa doença é o inverno, porém aqui com a Taís a doença, embora seja mais intensa nesta época do ano, incide em outras épocas também com menor intensidade e em poucas regiões do corpo. Neste inverno ela virou uma dermatite ambulante uma vez que está dando praticamente no corpo inteiro.

Lá em cima, no trecho do post da Luciana Leal, diz que a metade das crianças que têm dermatite atópica podem desenvolver asma ou rinite. Pois bem, fomos premiados! A Taís faz parte da metade que desenvolveu asma!

Eu nunca tinha lidado com bronquite na vida. Filhos 1 e 2 têm rinite, porém nunca na vida fizeram uma inalação sequer com Berotec e Atrovent e eu, agradecida por eles não terem asma, morria de medo destes medicamentos até que há 3 anos a Taís estava 'gripada', com tosse, tomando um xarope fitoterápico, porém ao invés de melhorar só fazia piorar. Ela teve uma insuficiência respiratória muito séria e eu nem desconfiava da asma! Aliás, nem notei a insuficiência. Ela se debatia na cama e eu achava que era pelo nariz entupido. Um dia pela manhã, como ela estava muito 'congestionada', fomos ao ambulatório do hospital e ela quase precisou ser internada. Minha filha babava, não respirava e eu não percebi. Tá...me chicoteio até hoje por isso. Escrevo e choro de dor, mas o fato é que eu não sabia e nem sonhava que ela pudesse ter asma!
Passado o susto e depois de diversas inalações com os dois tão temidos medicamentos, mais uma tonelada de remédios para tomar por via oral (que ela toma de bom grado, diga-se de passagem!) resolvi partir para um tratamento alternativo uma vez que o remédio que o alergologista passou não estava dando resultado nenhum e era absurdamente caro. Procurei uma homeopata. Como meus filhos 1 e 2 nunca foram de ficar doentes eu sempre me vali da praticidade do pediatra tradicional e dos alopáticos, porém quando a coisa aperta eu corro para a homeopatia. Quem nunca? rss
Pois bem, já na primeira consulta a homeopata olha para mim com olhar plácido e carinhoso e fala: mãezinha, ela tinha dermatite atópica e agora está com bronquite?, 'sim', então, mãezinha, a dermatite atópica e a bronquite são doenças da mesma família. Elas podem se alternar ou ela poderá ficar com a bronquite como forma de manifestação da doença para o resto da vida.
Você tem noção o que é ouvir a frase 'para o resto da vida' de um médico? Eu nem ouvi tudo o que ela falou depois. Fiquei só com 'para o resto da vida' martelando no cérebro. Tá...vamos dizer que isso não seja nada comparado a tanta doença séria que tem por aí, mas esta era a doença da MINHA filha caçula e só de pensar nela com bronquite 'para o resto da vida' meu coração ficava do tamanho de um grão de areia. E eu chorei. Chorei muitas vezes, chorei a cada novo episódio de asma dela até me conformar e me acostumar com a rotina de inalações, medicações e, algumas vezes, uns passeios básicos ao hospital para inalação com oxigênio!
Este ano, por exemplo, ela está 'na onda' da dermatite. Não tem hidratante que chegue,  e mesmo assim vira e mexe toca correr comprar sabonete glicerinado, passar pomada e dar anti-alérgico. Nos anos anteriores, desde o diagnóstico da asma, ela não teve dermatite. Isso demonstra que é fato o que a homeopata me falou: a doença alterna.

Onde quero chegar com este post enooorme: se seu bebê tem lesões na pele das bochecinhas não fique procurando indicação de creme ou pomada com outras mães para a pele do seu filho. Busque orientação do pediatra, de um dermatologista e observe. A doença é chata, mas tratada direitinho fica só nisso. Com medicação errada, inadequada, pode piorar, pode infeccionar. Nada como o pediatra ou o dermatologista para receitarem e orientarem a respeito do tratamento correto.

Beijos,

Cláudia

terça-feira, 23 de julho de 2013

4.4 - Hoje é dia de festa!

Imagem retirada do Google

Pois é...hoje é dia de festa aqui!
Posso dizer que faz 4 anos que estreei os 'enta' ou que estou fazendo 4 anos, afinal dizem que a vida começa aos quarenta, não é verdade? kkkk
Não tenho problemas com a idade e adoooooro fazer aniversário!
A idade chega, isso é certo! A lei da gravidade é implacável, mas isso tudo faz parte do processo de vida, do amadurecimento. Cada ano que passa é um ano em que tudo despenca um pouco, em que eu aprendi muita coisa, em que conheci muita gente boa!
Este ano foi um ano difícil de doença e perdas, mas foi um ano abençoado também! Pessoas maravilhosas entraram na minha vida, algumas tornaram-se especiais. Diria até essenciais!
Também ganhei de volta pessoas que a vida tinha me tirado.
Foi um ano de conquistas também, pois entrei na faculdade e que era algo que eu esperava há muito tempo para realizar!
Hoje tenho muito mais a agradecer. Procuro sempre focar nos motivos que tenho para agradecer porque eles são sempre em maior número do que os motivos que entristecem o coração!

E falando em motivos para agradecer, agradeço imensamente a Deus pelo presente que ganhei hoje. Não custou dinheiro, porém não tem dinheiro no mundo que pague um presente como este: amor e amizade!

Quer ver que lindo meu presente? Então clica aqui ---> Mãe eh Mãe

Grande beijo!

Cláudia

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Primeira BC de inverno - Mamy Tri!

Acho que cheguei a tempo de participar da primeira BC da minha querida Kathleen do Mamy Tri.

Pois então...eu detesto inverno. Detesto frio. Se eu pudesse moraria em um dos estados onde o máximo que se chega do frio são os 18 ou 20 graus. ahaha
Tudo bem, vai, eu sempre morei em São Paulo, que láááá no tempo da minha infância (como se fizesse tanto tempo assim) fazia muito frio no inverno. A cena que lembro bem desses tempos era a gente cheio de roupas de lã enfiados todos no sofá, cobertos com cobertores, comendo pipoca, tomando chá quente e assistindo Sessão da Tarde!
Hoje já não moro mais em São Paulo e não faz mais tanto frio assim. Pelo menos não no período todo do inverno!
Uma das coisas que aprendi a fazer ainda aos 9 anos e que me remete a aconchego de inverno é o tricô! Quando menina tricotei para mim mesma muitos conjuntos de polainas, gorros e cachecóis listrados bem chamativos. Naquele tempo não tirávamos fotos de tudo como fazemos agora, então não tenho fotos desses conjuntos para mostrar, ainda bem, mas tenho a primeira peça que fiz: um colete de lã feito especialmente para meu irmão! Tenho não só a foto, como o colete que já foi usado pelo meu filho Tales e que neste inverno, quando voltar as aulas, provavelmente será usado pela Taís embaixo do uniforme!
Olha que fofo! Eu tinha em torno de 11 ou 12 anos!
E olha o que eu achei: a Taís com o colete da foto acima e um cachecol que fiz antes do colete! Rá!

Depois que aprendi não parei mais e lá se vão mais de 30 anos tricotando! Já fiz muita coisa e minha preferência são as roupas de bebê!

Vejam só!
Tales com parte do conjunto que fiz enquanto o esperava!
Xale do conjunto do Tales

Feito enquanto eu esperava a Taís
Ela usando!

Feito para as gêmeas da minha vizinha!
Feito para o Miguel da querida Kátia Pontes
Feito para a Manu da minha querida Deia Ortiz
Casaco que fiz sem receita e sem noção para a Tamiris quando ela tinha 3 anos.
Agora quem o usa em casa é a Taís!
Eis aí só um pouquinho de tudo que fiz e que me fez feliz nos invernos ao longo de todos estes anos!

Beijos,

Cláudia

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Quem disse que a grávida do coração não sofre aborto?

Eis aí uma boa pergunta!

Levando em consideração que quase ninguém se dá conta que uma pessoa que espera um filho por adoção está grávida na alma, pouca gente pensa (ou acredita) que esta gestação possa ter abortos!

Antes de continuar, vamos às definições de aborto no dicionário! Esta é do Dicionário Online de Língua Portuguesa

Significado de Aborto
s.m. Expulsão espontânea ou provocada do produto da concepção antes do momento em que ele se torna viável.
Fig. Insucesso: o aborto de uma empresa.
Trocando em miúdos, o aborto não é apenas a morte de um feto. É a interrupção de um  projeto, qualquer que seja, que não tenha chegado a termo. O aborto se dá, justamente, na necessidade que existe de se desconstruir um projeto, um plano, um sonho que por algum motivo foi interrompido. Esta desconstrução causa sofrimento, causa dor, causa a sensação de perda.
O aborto propriamente dito é a interrupção de um projeto (o da maternidade). É muito sofrido para uma mãe que sonhava com o filho, que estava fazendo planos de vida com este filho ter que desconstruir esse projeto pelo 'não' que a vida deu. Isso, logicamente, falando de abortos espontâneos, ok?
Na adoção, na gravidez do coração, não é diferente. A gente passa a construir um mundo em torno da maternidade, passa a sonhar, a planejar, a desejar ver o filho logo. Passa a pensar na casa, na segurança, no espaço, no quarto, no enxoval, nos brinquedos. Enfim, passa a construir um mundo incluindo um filho que não tem data para chegar, mas que está sendo gestado na alma tão intensamente como quem gesta no corpo o seu rebento.
Pois bem, nem sempre acontece de a grávida do coração ser chamada e de dar tudo certo. Podem acontecer inúmeros fatores que façam com que o chamado não seja a efetivação da maternidade! É nesse momento que se dá o aborto da grávida do coração! Quando a expectativa é frustrada de alguma forma por algum 'não' inesperado. A dor neste momento é imensa e intensa. O sentimento de perda é inevitável. A desconstrução e a vivência do luto são necessárias para que se comece a sonhar e reformular um novo projeto, uma nova espera. E sim, nessa nova construção nasce o medo que dê algo errado novamente, assim como acontece com a grávida biológica que perdeu e que engravida novamente!
Eu nunca engravidei fisicamente, mas sofri 3 abortos significativos que me marcaram muito. O primeiro de uma menina de 7 anos que queria muito ser minha filha e a quem eu desejei de corpo, alma e coração ser mãe. Doeu ter que me afastar dela. Dói até hoje não saber como ela está e o que aconteceu em sua vida. Dói, hoje, pensar que eu já poderia ser até avó, que poderia ter uma filha formada na faculdade. Esta menina, hoje, tem em torno de 26 anos e certamente, sem sombra de dúvidas, viveu naquele abrigo até seus 18 anos! O segundo aborto foi um trio de irmãos que eu precisei abrir mão. Eram 3 crianças, eu já tinha duas, as condições eram difíceis por aqui e eu não tinha como cuidar adequadamente de 5 crianças, sendo duas bem doentes e usando fraldas. Eles foram adotados, soube que estão muito bem, porém doeu e ainda dói. Ainda penso em como seria hoje se os 3 estivessem aqui. Quando eu tive que decidir pelo 'não' deixei com eles um pedaço da minha alma e confesso que demorou para eu vivenciar esse luto e poder replanejar a espera novamente. O terceiro foi uma garotinha linda, deficiente visual, parecidíssima com a Taís que eu amei de paixão só pela foto. Quando fui consultada para ela todo meu ser dizia SIM, mas as possibilidades financeiras (sempre elas!) disseram não! Ela vivia em outro estado, muito longe, nós teríamos que passar dias lá e eu tinha um bebê com refluxo que demandava cuidados e gastos.
Estes três foram abortos! Eu senti na alma, eu chorei, eu senti uma perda irreparável, uma dor incomparável e eu penso neles até hoje. Como qualquer grávida biológica que lembra do seu bebê e pensa como seria a vida se ele tivesse nascido eu penso nos meus 3 abortos da alma e é inevitável não pensar em como seria se eles estivessem aqui. Dos 3, apenas a primeira eu nunca mais soube notícias. Saber que os outros estão bem é um alento, mas não elimina a marca que ficou na minha alma.
Quando o Tales nasceu eu soube no mesmo dia. A notícia era que ele tinha nascido, mas que tinha dado trabalho no parto por ter sido um parto normal com 3 circulares de cordão no pescoço. Eu trabalhei em hospital e sabia o que isso podia significar. Pensar que ele podia ter morrido enforcado me fez chorar um dia inteiro, pensar que ele poderia ter alguma sequela como paralisia cerebral por falta de oxigenação me dava calafrios. Eu só pensava em ver as notas do Apgar quando chegasse lá e quando eu contei para algumas pessoas que meu filho havia nascido e o que havia acontecido - naturalmente pela minha natureza eu contava chorando - algumas destas pessoas falaram: 'mas nem foi você quem gestou! Se ele tivesse morrido ou se tiver problema você pode esperar outro, afinal ele nem é seu ainda'.
Ouvir esse tipo de coisa era como uma lança no meu coração! Como assim eu poderia esperar outro? Como assim ele não era meu ainda? Ele era meu desde antes de eu saber dele. Era meu apenas pelo telefonema falando que ele existia porque eu o esperava fazia anos. Era dele que eu estava grávida do coração e da alma. Se ele tivesse morrido no parto eu teria sofrido como se eu o tivesse gestado no meu corpo! Se ele tivesse ficado com sequela eu não teria esperado outro perfeito porque ele era meu. Ele era perfeito para mim, fosse como fosse.
É disso que estou falando! Da falta de sensibilidade das pessoas pelo desconhecimento do que seja uma gravidez do coração! Da falta de humanidade, até, porque não se fala um troço desses que falaram para mim para mãe nenhuma!
Fica aqui o alerta: a grávida do coração sofre abortos quando algo dá errado. Ela sofre. Dói muito ter que desconstruir a espera para reconstruir novamente e eu creio que não difere em nada da perda fisiológica de um filho!
Por favor, sejam humanos com as mães do coração! Se não compreenderem a situação e a dor delas, ao menos não falem coisas que as façam sofrer mais, afinal dói muito perder um filho, seja pela forma que for, ainda que quem não vive este mundo adotivo não compreenda que 'aquela criança estranha' é um filho em potencial, esperado, desejado, planejado e amado como um biológico!
Na ausência do que dizer nestas situações, apenas abrace!  Apenas abrace!

Beijos,
Cláudia

sábado, 22 de junho de 2013

Blogagem Coletiva #protestomaterno


Eu nasci no início da ditadura militar no Brasil. Cresci ouvindo que não se podia falar do governo na rua, principalmente se fosse para fazer críticas.
Lembro-me vagamente de que na escola em que eu estudava sempre tinha a presença de policiais militares. Eles andavam pelas dependências da escola e algumas vezes ficavam no fundo da sala de aula. Embora não fossem simpáticos e amigáveis como os nossos valorosos policiais militares que atuam no projeto PROERD, eu até que os admirava.
Naquele tempo, na infância, eu não tinha muita noção do que aquilo significava.
Cresci com a nata da música popular brasileira tocando nas rádios! Chico Buarque, Caetano Veloso, Milton Nascimento entre outros. Sei até hoje a letra inteira da música "Para não dizer que não falei das flores" do Geraldo Vandré. Na adolescência os rocks de Legião Urbana eram o must e eu cantei Geração Coca-Cola e Será tanto, mas tanto, que sei as letras até hoje, também!
Eu acompanhei o povo indo para as ruas exigir Diretas Já.
Acompanhei a felicidade que foi a primeira eleição direta para presidente e vi jovens de cara pintada exigindo o impeachment do primeiro presidente eleito pelo povo!
Sou de uma geração que viu muita coisa, mas que foi criada para temer. 
Confesso que não fui politizada na infância e na adolescência. Só fui tomar conhecimento que as músicas que eu ouvia e que adorava eram protestos contra a ditadura no cursinho e na faculdade nas aulas de História do Brasil.
Foi nessa época que fiquei sabendo que "Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos" que o Roberto Carlos compôs não era uma música romântica, mas sim uma forma de homenagear Caetano Veloso que estava exilado em Londres.
Cresci ouvindo falar nos exilados, nos desaparecidos. Fiquei fã do Marcelo Rubens Paiva, li seus livros só por saber que ele foi uma vítima da ditadura, que foi uma criança criada sem pai graças ao período negro da história do nosso país.
Sou a geração da ditadura. A geração que não teve uma formação política de base desde a infância, porém eu gostava de política. A política me atraía. Aos 20 anos eu era PT. Fui PT de usar botons e distribuir panfletos. Fui  PT de votar no Lula em todas as eleições. Sempre acreditei que uma política socialista poderia melhorar o país e mesmo hoje eu ainda acredito nisso, porém não acredito mais nas pessoas que dizem ter ideias socialistas.
Já faz muitos anos que eu vejo tanta coisa errada neste país, no meu estado e na minha cidade e eu nunca me conformei com o conformismo do brasileiro.
Como mãe eu queria, eu desejava ardentemente que o povo se manifestasse, que saísse às ruas, que exigisse dos governantes novas posturas, novas atitudes. Eu sempre tive comigo que o povo tem poder, mas que o povo do Brasil não sabe disso ainda. Ou não sabia, né?
Eu sonhava com o povo nas ruas porque eu acreditava que só assim os meus filhos, os meus sobrinhos, os filhos dos meus amigos, todas as crianças e adolescentes desta nova geração poderiam ter um futuro melhor.
Hoje vejo orgulhosa todo esse movimento. Jovens com a cara pintada, com camisetas brancas, com cartazes invadindo as ruas e exigindo um país melhor, exigindo o fim da corrupção, exigindo educação e saúde de qualidade! Jovens estes que são apoiados pelos jovens de 1968, a geração que foi às ruas e não teve medo da repressão!
imagem retirada do Facebook
Hoje estou feliz, emocionada porque pude constatar que embora não seja tão politizada como gostaria, que eu estava certa quanto ao poder do povo.
Estou feliz porque nosso povo acordou e as minhas esperanças de um futuro melhor se renovaram!
Ver os jovens que todo mundo diz que são alienados e que só pensam em Facebook sairem às ruas, ver seus olhos brilhando nos manifestos é gratificante, porém uma outra coisa me deixou ainda mais feliz: foi ver crianças iniciando um processo de politização. 

imagem retirada do google
Ler que uma criança de 5 anos assiste aos vândalos fazendo quebra-quebra com a cabeça coberta e diz: 'Mas eles são bandidos. Nossa agora até bandido quer governar!' me faz ter esperança não que essa geração que está nas ruas fará um país melhor. Estes estão mudando o presente, mudando o rumo da história do nosso país, mas quem vai  mesmo fazer um futuro melhor são estas crianças que começam a se politizar tão pequenas!
Agora eu não tenho esperança de um futuro melhor para os meus filhos. Tenho esperança que eles sejam o futuro melhor que a gente sonha um dia, pois estas crianças estão crescendo podendo pensar, podendo acompanhar e podendo participar da história ativamente. 
Hoje eu agradeço essa meninada linda que está reformando o país, que acordou para lutar por um país melhor para eles mesmos e para as futuras gerações! É com eles que estas crianças de 5, 6 7 anos estão aprendendo o que é ser brasileiro, o que é ser o futuro!
Que esta juventude continue com toda a garra para prosseguir com a reforma do nosso país!


Cláudia

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Karin Betinha - Oitava convidada

Hoje é dia de mais uma convidada: a querida amiga Karin.

Ela relata as diversas formas de sentir-se mãe!

Vamos lá...

Diversas formas de sentir-se mãe


Eu sou a Karin Betinha (a filha caçula), tenho vários filhos também do coração que são meus 8 sobrinhos e meus 3 sobrinhos-netos.
Tenho 4 filhas adotadas, porém não que não são humanas, duas cachorras e duas gatas. Aqui em casa somos eu, meu marido e as 4 "filhotas".
Sou a mãe delas, que também sofre por elas (amanhã uma das minhas filhotas caninas vai operar pela segunda e vez e faremos a biópsia...) e
a caminho de ser mãe de uma menininha de 1 a 2 anos a qual chamaremos de Lina Sofia (e mais o nome que vier...rs). Sou formada e mestre em Letras e por isso
trabalho lecionando língua inglesa para a Educação Infantil e Língua Portuguesa para o Ensino Médio (esses também são um pouco meus filhos, afinal a gente
os vê crescer e também participa um pouco da vida deles - os do EM conheço e leciono desde da quinta série...).  Também sou Assistente Social e Psicopedagoga
o que me ajuda em todos esses meu papéis de mãe, principalmente na escola pública e na ONG onde sou voluntária.
Afinal, para mim, ser mãe não é apenas gerar um filho ou adotar, é ter no coração sempre um lugar para mais um e querer adotar esse um seja humano ou não(como filho) ou apenas com um vínculo afetivo. E não precisa ser humano, basta querer cuidar, se preocupar, se doar, ser altruísta e saber dizer adeus quando necessário.
É isso aí!



Karin e uma de suas filhas de rabo - Catarina




Beijos,

Cláudia

sábado, 15 de junho de 2013

E o marido respondeu!

Imagem retirada do Google

Preta,

De sonho em sonho
Caminhamos

De caminho a caminho
Sonhamos

Neste sonho e neste caminho nunca estivemos tão acordados como agora!

Obrigado,

André

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Hoje é nosso dia - 23 anos juntos!

Sabe, já ouvi muito em relacionamentos onde a família da moça era contra a frase: ‘mas eu não vou casar com a família dele!’.
Como hoje estou comemorando 23 anos de namoro quero falar um pouco de mim, do meu marido e de família!
Eu sempre sonhei ter uma família enorme. Como minha família é relativamente pequena: eu, dois irmãos e meus pais, eu sonhava com uma casa cheia de filhos, depois mais cheia ainda de netos. Sonhava com uma mesa cheia de crianças na minha casa! Não precisariam ser todos filhos, não! Podiam ser sobrinhos, também, porém eu era a filha mais velha e esse sonho era praticamente um...bem, um...hum...um sonho de longo prazo uma vez que minha  diferença de idade em relação a eles  também é grande! Ahaha
E foi então que Deus colocou em minha vida o André. Ele não precisava sonhar com família grande, afinal de contas ele tinha nada menos que 8 irmãos e a mãe!
Quando nos conhecemos todos os irmãos mais velhos tinham filhos.  Muitas e lindas crianças!
A partir de então entrei neste universo de família grande. No início eu só queria saber das crianças. Pois é, devo confessar às cunhadas que ia visitá-las por causa dos seus filhos e que aos poucos, por conta das crianças, fui me afeiçoando a todos os adultos. Pois é, quem nunca? rss
Neste universo de crianças, no início havia apenas um bebê, mas os outros eram todos bem pequenininhos, também, o que fazia meus domingos...quase todos...muito felizes! Era um bebezinho moreninho e rechonchudo que eu adorava ficar segurando e seus irmãozinhos que corriam pela casa, eram dois garotinhos loirinhos de 5 e 6 anos que vinham correndo ao encontro sorrindo e que davam os abraços mais gostosos e mais doces do mundo, uma menininha de 3 anos e cílios de Minie com sua irmã tão pequena, porém tão madura, cuidadora e protetora que me fazia lembrar de mim mesma quando criança. E depois foram vindo mais e mais crianças! A cada ano duas ou três. Fui acompanhando gravidezes, chás de bebês, nascimentos, primeiros dias, primeiros dentes, primeiros passos. Até um primeiro banho! Sim: o primeiro banho que dei em um bebê foi numa destas sobrinhas!
E eu fui passando esses anos já não mais querendo saber apenas das crianças. Cunhadas, concunhadas, cunhados: todos foram se tornando parte de uma família que eu estava adotando como minha. Pessoas que eu aprendi a amar ‘apenas’ por ser a família do meu namorado, depois noivo, hoje marido.
Como já se passaram 23 anos desde o início do namoro, todas estas primeiras crianças já são adultas e tenho o privilégio de dizer que já sou algumas vezes tia-avó! ahaha
Ah, sim, não me esqueci da sogra! A minha, mais que sogra era mãezonha. Ela sempre foi uma pessoa admirável pelo esforço, pela garra, pela dedicação à família e pelo respeito que sempre teve por noras e genros. Eu aprendi primeiro a admirá-la. Ela foi a primeira pessoa adulta, com família formada, com filhos e netos que eu vi ‘correr atrás do prejuízo’ e do sonho de terminar os estudos! Quando comecei a namorar o André ela estava entrando no supletivo do ensino fundamental (antigo primeiro grau) e eu acompanhei sua trajetória até o término do ensino médio e a vi acalentando o sonho de fazer a Faculdade de Moda na USP! Durante esse período ela fez curso de modelista (ela criava modelos de roupas femininas e os desenhava) e mais outros tantos que eu nem sei dizer. Essa vontade sempre latente, essa energia para sempre buscar coisas novas me fazia admirá-la como admirei poucas pessoas nesta vida! E com o tempo a admiração virou amor. Amor pela pessoa, pelo jeito alegre de ser, pelos abraços sempre tão carinhosos e cheios de energia, pelo sorriso, pela voz doce e as palavras sempre tão carinhosas!
Hoje, 23 anos depois, posso dizer que casei, sim, com a família do meu marido! Casei porque amo a todos, respeito a todos e quero bem a todos! Porque os sobrinhos que são filhos dos irmãos e irmãs dele não são sobrinhos dele, apenas. São meus sobrinhos também!
Acho que conquistei o título de membro da família, também, e só posso agradecer a Deus por ter me colocado ali, como parte desta família.
Existem problemas? Naturalmente que sim. Não estou falando de uma família de comercial de margarina, porém é a família que, creio, todas deveriam ser: uma família unida. Não grudada, mas unida. Embora haja distância, há união, há amor! União e amor que pude presenciar  nos momentos mais difíceis, mais dolorosos! Isso é bonito de se ver e é isso que me faz sentir orgulho por ter entrado nesta família através do namoro que começou no dia 14 de junho de 1990 no passeio do grupo de Mocidade ao Parque do Ibirapuera, feriado de Corpus Christi, numa quinta feira ensolarada!


André, amor, bem, marido: eu agradeço por você fazer parte da maior parte minha vida e por ter me dado de presente a sua família inteirinha!
Agradeço pela família que me proporcionou, por ter embarcado no meu sonho e no meu desejo de maternidade e ter-se tornado o paizão que você é!
Agradeço por me aguentar, por me aturar (porque sei que sou chata, brava), por relevar meu temperamento.
Agradeço, enfim, por você estar sempre comigo!

Ela, que me deu você e toda a sua família e que faz parte disso tudo. Fará eternamente:



Nossa história: os momentos mais importantes nesses 23 anos!


Amor eterno,

Preta!