segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Como é que faz, mãe?!


Todo mundo fica maluco com a fase do 'porquê' das crianças.
Realmente é muito complicado! Eles não têm fim para as perguntas e aí ou você perde a paciência na segunda ou terceira pergunta ou você tem paciência até a milésima pergunta mas fica sem saber o que responder!
É...eles fazem perguntas que a gente nunca pensou numa resposta! kkk

Pois bem, eu tenho ficado maluca com o 'como se faz, mãe?'!
Taís agora deu para querer saber como faz as coisas. Olha para um objeto e começa com a temível pergunta!
Dia desses ela estava no quarto, veio até mim e começou:

- mãe, como faz o guardarroupas?
- ah, filha, eles pegam a madeira, cortam, modelam e fazem as peças, depois montam e vira um guardarroupas...
- mas mãe, como eles modelam?
- eles fazem um desenho e a partir do desenho eles cortam a madeira...
- mas como é que eles cortam a madeira, mãe?
- com as ferramentas próprias para cortar a  madeira...
- mas como é no nome das ferramentas, mãe?
- serra, lixadeira, desempenadeira e mais um monte que não sei o nome...
- mas como eles conseguem montar, mãe?
- eles olham o desenho e montam igual o seu castelinho...
- mas o meu castelinho não tem parafuso. Como eles colocam o parafuso, mãe?
- com a chave de fenda...
- mas o parafuso entra sem o furo, mãe?
- eles fazem o furo...

Bom, esse papo foi longe. Digamos que foi até eu cansar e mandá-la ver desenho um pouco, porque o assunto para ela não tinha fim e eu fui ficando sem ter o que dizer! kkk

Sexta ela começou de novo. Eu dirigindo, ela na cadeirinha no banco de trás.
Eu:
- quer que ligue o rádio, amor?
- não...eu tava pensando...
- pensando em quê?
- mãe, nosso carro é um Fiat, né?
- é sim...
- como é que se faz um Fiat, mãe?
- do mesmo modo que se faz todos os outros carros...
- mas mãe, como é que eles fazem o Fiat, com o quê?
- com placas de aço.
- mas como eles fazem a placa de aço virar um Fiat, mãe?
- eles têm moldes das partes, aí cortam e montam...
- mas mãe, como eles fazem as partes virarem um  carro?
- modelando cada parte de acordo com o desenho...
- ah, eles fazem desenhos iguais aos do guardarroupas?
- sim, fazem...
- mas como eles fazem a forma do Fiat, mãe?
- já falei que é com o molde, Taís...
- mas mãe, a placa de aço não é reta?
- é...
- como eles fazem para ficar um Fiat, mãe?
- Eles têm formas que moldam as partes, depois montam cada parte de acordo com o desenho e aí vira um Fiat...
- mas mãe, eu quero saber como eles fazem a forma?
- (sem nada melhor para falar, dirigindo no trânsito) eles moldam igual você faz com a massinha de modelar...
- mas a placa de aço é molinha, mãe?
- não...é dura, mas eles esquentam e ela fica mole.
- aaaah, minha massinha também fica quando eu fico amassando muito ela...
- pois é...é parecido, então.

E isso não tem fim. Antes essas situações eram esporádicas, agora são frequentes!
Estou achando isso muito mais complicado do que os 'porquês'! kkk
Não me lembro de Tamiris e Tales fazerem esse tipo de perguntas. Ela acaba se diferenciando em tudo.
Será que são os estímulos?!
Embora eu sempre tenha estimulado muito os grandes, ela certamente é muito mais estimulada porque tem eles.
Ela desenvolveu muito mais depressa e tem uma percepção muito mais ampla do que uma criança da idade dela que conviva com pais e irmãos com pouca diferença de idade.
Bem, fato é que ela tem me deixado doidinha com seus questionamentos!

Beijos e tenham uma excelente e abençoada semana!

Cláudia

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O que é que existe no fundo do meu ser?


Oh, questão filosófica: o que é que existe no fundo do meu ser?
Pois é...tenho me perguntado isso há dias!!!
Sabe, tem dias que pareço um poço sem fundo! Tenho vontade de detonar...comer tudo que vem pela frente! De onde aparece essa fome insaciável?!
Tenho a impressão de que ou roubaram meu estômago, fico sem nenhum compartimento para receber a comida e preciso encher todo o abismo... o oco existente dentro de mim.
Ou será que não roubaram e sim colocaram outro estômago gigante junto com o meu...ou ainda aumentaram o meu para ficar do tamanho do mundo?!
Dúvida cruel!!!
Fato é que tem dias que eu sinto a fome de 10 ursos e estes dias geralmente coincidem justamente na semana em que eu estou impossibilitada de ir gastar as calorias...ah, essas odiadas inimigas...na academia!
E não pára por aí, não!!!
Sabe aquela noite bem dormida?! Pois é...tem semanas que elas deixam de existir!
Como é que pode um ser que levanta da cama antes do sol aparecer, começa o dia na maior correria para cima e para baixo  fazendo mil coisas ao mesmo tempo ficar feito coruja quando a noite cai?
Pois é...a mesma criatura que rouba meus estômago tem roubado meu sono, também!
E ela, a criatura, não se contenta com uma noite! Não...de jeito nenhum! Tem que ser uma semana inteira!
E aí ao final de uma semana você se sente um zumbi, não fala mais coisa com coisa, começa a guardar leite no armário da cozinha e adoçante na geladeira.
Perder a chave, o prendedor do cabelo ou esquecer palavras diíceis como garfo, chinelo, chuveiro já nem conta mais! Depois de um tempo você começa a achar normal falar para o filho ir ao pão comprar um litro de leite ao invés de pedir par ele ir ao mercado comprar pão e leite!
E se acostuma com as gargalhadas que eles dão ouvindo suas asneiras insônicas!!

Ah, e essa estranha criatura está levando meus cabelos também!
Agora, pensando bem...será que a criatura pegou meu estômago e está fazendo um alien...um boneco com o pobre coitado e os cabelos?! Como será que ficaria um estômago com cabelos?!

De onde vem essa criatura?! O que ela quer comigo? Onde foi que encontrou meu endereço? SOCORROOOOOOOOO
Estou tentando descobrir o que existe no fundo do meu ser, que estranha criatura é essa que está virando minha vida do avesso, qual o nome dela e, principalmente, como faço para ela se afastar de mim! kkkk

beijos amalucados!

Cláudia

sábado, 10 de setembro de 2011

Adoção: Amor Verdadeiro


Eu sempre sonhei ser mãe desde menina. Acho que desde criança!!!
Dizem que isso é natural da mulher, mas acho que não! Pelo menos em minha adolescência não via ninguém da minha idade sonhando em ter filhos!
Nunca sonhei em fazer uma carreira, em fazer um mestrado ou coisa do gênero. Meu sonho era o de SER MÃE!
Embora eu não tivesse nada físico até o casamento, embora sempre tenha tido muita saúde, algo me dizia que eu jamais ficaria grávida, mas ainda assim sonhava que seria mãe! Mãe de quatro!!! Sim...quatro filhos!!!
Eu fui muito certinha, quis fazer tudo direitinho como mandavam as regras da casa: encontrei uma pessoa por quem me apaixonei, e já nos primeiros encontros descobri que era o homem da minha vida, aquele com quem eu viveria até ficar beeeem velhinha, namoramos, noivamos, planejamos 'nossa vida inteira', preparamos nosso ninho e casamos!
Um filho estava planejado para o primeiro ano de casamento, mas ele não veio!
Quem sabe no segundo ano?!
Mas qual o quê! Nada do filho chegar!
E eu continuei sonhando, algumas vezes (muitas!!!) me desesperando, chorando, rezando, perguntando 'porquê não?', pedindo a Deus que me desse o filho tão sonhado, desejado e já tão amado!
E dentre nossos planos de vida toda estava a adoção! E em meio a rebates falsos, idas e vindas a médicos que não encontravam nada de errado, decepções e uma grande depressão, vi que aquele sentimento tão meu de que eu jamais geraria uma criança parecia ser mesmo realidade!
Nossos planos eram ter dois filhos biológicos e dois filhos adotivos, mas porquê esperar mais, tentar mais, nos decepcionarmos mais se podíamos adotar, se já tínhamos esse plano antes mesmo do casamento?!
Decidimos parar de tentar e ir à busca da adoção!
E quando eu realmente fiquei feliz novamente, passei a planejar as coisas para o filho que viria...sim, porque na adoção eu sabia que não me decepcionaria!...passei a ouvir: 'e se você se arrepender?!', 'e se não der certo?!', 'porque você não tenta ter um filho seu' (como se os filhos adotados não fossem nossos!!!), 'e se você adotar e ficar frustrada por não ter sentido o filho dentro de você?!', 'isso é loucura porque criar filhos dos outros só dá problema!', 'você não tem medo de ser filho de alguém de má indole?!', e aí passei a me decepcionar com as pessoas!
Mas tudo bem, isso faz parte da vida! No início fiquei chateada, depois indignada, depois passei a tentar explicar algumas coisas e depois passei a ignorar toda e qualquer manifestação preconceituosa produzida pela ignorância humana, me libertei e me dei o direito de sentir-me realmente feliz!!!
Quando mandamos os documentos eu realmente me senti grávida!
Descobri, então, que estar grávida não é estar gerando uma crinça dentro do corpo! É estar gerando uma criança dentro da alma!!!
Sim, eu estava grávida! Fiz enxoval, preparei a casa e exatamente 8 meses depois que enviamos os documentos nossa primeira filha, tão sonhada, desejada e amada nasceu!!!
Trouxe felicidade, trouxe alegria, trouxe luz às nossas vidas!
E dois anos e meio depois tivemos nosso segundo filho, que veio complementar nossa felicidade!
E há 3 anos e 3 meses, ganhamos nossa terceira filha!
E hoje esperamos pela nossa quarta filha, com a mesma ansiedade com a qual esperamos a primeira, o segundo e a terceira!
Todos foram muito desejados e amados antes mesmo de nascerem e de todos me senti grávida sem tê-los carregado no meu ventre!
Hoje posso dizer tenho a família que sonhei, que meus filhos são muito mais do que ousei pedir a Deus, que sou feliz e uma mãe realizada!
Posso dizer que não tê-los carregado no meu ventre não fez diferença alguma, não me fez menos mãe nem menos mulher, não me deixou uma pontinha sequer de ressentimento nem contra Deus, nem contra a vida!
A gente pode ser feliz com o que a vida nos apresenta se não nos prendermos a padrões, a preconceitos e, principalmente, à opinião alheia!

Por: Cláudia Gimenes
Postado: 26/08/2010 em Rede Mulher e Mãe

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Com que velocidade nossos pequenos evoluem!


Quando sentei aqui hoje pensei em postar um texto meu que foi publicado na Rede Mulher e Mãe, mas comecei a ler e-mails, responder e de quebra ouvir as coisas que estavam acontecendo à minha volta.

André e Tamiris foram ao desfile de 07 de setembro: ele porque conta como letivo e ela para participar de uma atividade com as amigas adventistas.
Eu aqui, neste computador tentando colocar leituras em dia num flash de tempo com Tales e Taís falando pelas tampas.
A certa altura vem Taís:

- mãe, o Tales pode comprar bolacha recheada?
-não porque eu não tenho dinheiro aqui. O dinheiro que eu tinha na carteira usei para colocar combustível ontem. Só mais tarde, então...
- mas o Tales tem dinheiro, mããããe...
- então pode ir.

Alguns minutos depois o Tales grita por ela no portão, ela abre a janela, ele fala que o dinheiro não deu e pede para ela pegar mais algumas moedas na carteira dele.
Ela não achou a carteira dele, pegou o cofre dela, perguntou quantas moedas ele queria, ele falou:
- uma só que tem o número 5 e o número 0. (ela não saber ver o número inteiro ainda!).
Ela procurou a moeda de cinquenta centavos e jogou para ele. Quando ele estava saindo ela grita:
- TAAAAAAALES...
Ele volta para atendê-la:
- o que foi?
- ó, quando você chegar o troco é meu, viu!
- mas não vai ter troco...
- vai sim e o troco é meu porque a moeda é minha!
E ficou sentada no sofá esperando ele chegar com o cofre aberto!

Aí fiquei pensando: com que velocidade essas crianças evoluem! Tamiris e Tales com a idade dela nem se davam conta do que era dinheiro, nem se tinham, nem quanto tinham. Eles usavam moedas para brincar. rss

Quando ela tinha perto de 3 anos, um dia pedi para ela entregar um troco que continha uma nota de 5 reais e uma moeda de 50 centavos para o pai. Ela pegou, olhou, olhou e entregou só a moeda para ele. Ele, então, falou que faltava ela entregar a nota e ela disse que não, que aquele era dela para comprar 'palinticoma' (balinha de goma).
O pai, então, achando-se esperto, falou:
- então vamos trocar...eu te dou essa aqui e você me dá esse que está com você.
Ela olha para ele com a maior cara de sapeca e fala:
- não quelo tocá...
- porque, amor?
- puquê esse compa mais palintigoma!

Claro que a gente se surpreende, né?! Como ela podia saber que a nota comprava mais do que a moeda com essa idade?! Nós nunca ficamos fazendo referência que nota compra mais que moeda, nem dos valores das notas e das moedas, mas ela tinha essa noção que aquela nota comprava mais balas de goma do que a moeda!

Ela tem o cofre dela, junta dinheiro para comprar na cantina da escola e pensam que ela gasta tudo assim, indiscriminadamente?! Não...de jeito nenhum!
Tamiris e Tales quando começaram a entender para quê servia dinheiro (e eram bem maiores do que ela!) todo dinheiro que pegavam gastavam tudo na hora, sem nem pensar! Ela não!

Domingo o Tales deu R$ 2,50 para ela comer na cantina. Eu achei que ela ía levar na segunda-feira mesmo, que ía torrar tudo, mas qual não foi minha surpresa quando ela pediu para levar lanche de casa! Perguntei se ela não ía comprar na cantina e ela disse que ía deixar para outro dia para juntar mais moedas. Respondi que ela tinha moedas suficientes para comprar um lanche e para mais, se quisesse e ela disse, do alto dos seus 4 anos, que preferia juntar já que tinha lanche em casa para levar! kkk

Na escola ela paga o lanche e a professora disse que ela fica esperando para receber o troco. Não vai embora se não derem troco para ela!
Ela compra o lanche, o suco e guarda o troco. Não fica comprando bobageiras tipo dadinhos e balinhas, não. Ela sempre tem que vir com troco para guardar no cofre...rss
E o cofre dela nunca, nunquinha mesmo pode ficar sem nenhuma moeda, até porque ela não gasta. E ela controla. Se a gente mexer nas moedas dela ela percebe! :)

Essa é minha pequena filha de 4 anos! kkk
Vai daí que de repente ela vira economista, né?!

Beijos e tenham um feriado abençoado!

Cláudia

domingo, 4 de setembro de 2011

E quem é que paga as contas, afinal?!

Você passa a primeira fase da sua vida sonhando em ter a SUA família, casar, ter filhos!.
Estuda, trabalha, encontra aquela pessoa com quem você pretende compartilhar o resto de sua longa vida, namora, casa, estrutura um pouco a vida e planeja! Planeja filhos, planeja como será sua vida com os filhos, determina quais as suas prioridades quando estes filhos começarem a chegar e aí o primeiro filho chega!
Alegria, encantamento, preocupação!
Situação incomum para a maioria das mulheres: você não ficou grávida, estava esperando um filho para não se sabia quando e do dia para a noite, embora estivesse esperando há muito tempo, você se vê com o filho nos braços, de férias do serviço em uma empresa que não te deu licença-maternidade porque não entendeu que você se tornou mãe...ou te considerou menos mãe do que quem fica grávida, ou que teu filho merecesse menos de você do que um filho biológico...e tem ali, em forma de bebê a realidade: você tem, agora, que tomar decisões que antes viviam no âmbito dos planos!
Dias antes de terminar as férias você precisa decidir quais são as suas prioridades: dar de tudo (materialmente falando) para aquele filho ou dar tudo de você para ele?
E aí pondera sobre sua realidade: 2 horas de condução para chegar ao trabalho + hora para entrar -  hora para sair + duas horas e meia (no mínimo, porque SP em final de tarde e início de noite é foguete!) para voltar para casa  depois do trabalho, chegando em média por volta das 21:00hs + praticamente todo o seu salário no final do mês para pagar aquela suuuuper creche para cuidar do filho para você, porque teria o extra de passar do horário de pegá-lo ao final do expediente e você se pergunta: o que vai sobrar de mim para essa pequena criatura?! NADA! Não sobrava nada de mim nem para mim mesma!!!
Você vê que seus valores do ter são menos importantes do que os seus valores do ser e decide, junto com aquele que é seu companheiro para a vida toda, que o melhor mesmo é cuidar da cria e abrir mão de ter algumas coisas, principalmente porque ainda que trabalhasse teria mesmo que abrir mão, uma vez que a creche te comeria tudo que você batalhou o mês para ganhar! Que sentido faria isso? E que sentido teria você ter esperado 4 anos por um filho para que depois de um mês e pouco de sua chegada você o deixar 12 a 15 horas pelas mãos de berçaristas de creche, o visse dormindo apenas durante a semana e estivesse esbagaçada nos finais de semana para poder curtir aquela pequena criatura ao seu lado?
E aí você vira a mãe, a dona de casa, aquela que 'não faz nada'!
Você cuida da família, administra a casa, os conflitos, a escola, os problemas. Você leva filhos para a escola, para a casa dos amigos para fazer trabalhos, para brincar, leva à fisioterapia, aos médicos, às aulas extra, vai ao mercado, ao banco, às reuniões, busca o marido, leva o marido, cuida da casa, da comida, das roupas, separa brigas, ouve um, ouve outro, dá conselhos, dá broncas, põe de castigo, faz um carinho, dá um beijinho no dodói, cuida do cachorro, controla acessos à internet, administra a reforma e ainda assim é, aos olhos de todos que te cercam aquela que não faz nada porque não trabalha fora!
Não posso falar de todas as mães que optaram por ficar em casa, mas eu particularmente optei porque achei importante acompanhar meus filhos, fiz planos de viver a vida que vivo hoje de estar na porta do colégio observando o movimento e o comportamento da meninada, estar em contato, ainda que seja de um aceno de mão e um sorriso distante para professores, funcinários do colégio e outros pais e mães que se esbarram na saída sempre correndo em suas horas de almoço, de conhecer os amigos pelos nomes, de ter a oportunidade de colocá-los em cursos extra e poder levar e buscar, andar com um e com outro no carro, poder conversar individualmente, ouvir o que têm para falar ou simplesmente não falar nada, apenas ouvir suas músicas preferida com um deles ao lado em silêncio.
Eu posso dizer, sem sombra de dúvidas, que vivo a vida que sempre sonhei, que sou realizada. Sou feliz!
Cuido dos filhos pessoalmente e integralmente por opção e não por pressão social. Aliás, se fosse ceder à pressão social estaria no mercado de trabalho mesmo quando minha primeira filha ainda tinha cólicas pavorosas! Teria voltado das férias que deveriam ter sido licença-maternidade sem nenhuma culpa por colocar meu bebê tão esperado na creche o dia inteiro!
Então, como vivo a vida que sempre sonhei, embora com as dificuldades naturais de uma família grande e de uma única renda, tenho uma auto-estima bem boa, não considero em hipótese alguma que sou inútil, que não faço nada porque se isso fosse verdade eu não chegaria ao final de cada dia podre de cansada e desejando banho e uma cama. Não me considero dona de casa e sim a dona da casa, mas tem coisas que te fazem pensar...
Você sabe que diante da sociedade você é uma desocupada: #fato. Isso fica claro quando alguém te olha admirado pergunta:
- Ah, você não trabalha? Só cuida da família?
Como assim eu não trabalho?! Eu não exerço trabalho remunerado, o que é beeeem diferente de não trabalhar!
Aliás, até exerço trabalho remunerado para a família quando sento neste computador por dias e dias para editar e tratar fotos dos clientes do marido, neah?
Ah, sim, mas eu não ganho dinheiro saindo de casa! Então não faço nada! Aaaah, tá! De onde será que as pessoas tiram essas idéias?!
Eu SÓ cuido da família?! Como assim?! 
E de repente você se dá conta que o buraco é muuuuito mais embaixo. Um belo dia você pega no pé de um filho adolescente, exige algumas coisas dele, que se rebela e grita a altos brados, com toda  a força dos pulmões:
-a vida é minha, ninguém tem nada com isso, o problema é meu!
E você olha para aquela criatura que está vivendo uma fase camaleônica, metamorfósica, difícil e conflitante e diz, não em altos brados, não com a força do seu pulmão como ele o fez, mas em tom bem audível que você tem SIM que ver com a vida dele, que você tem SIM a ver com tudo que se refere a ele e que tudo que acontece com ele é problema seu SIM, porque ele não paga nem a bala que come ainda e de repente ele pára com o piti, olha para você e não diz nada, mas você lê em sua fisionomia um:
- você também não!
Aí você coloca aquele olhar em palavras e ele confirma! Na cabeça do seu filho também você é uma desocupada, será?!
Hummm, então tá!

Muita gente tem em mente que a mulher que não exerce trabalho remunerado vive de explorar o marido. Pode até ser que algumas fazem isso mesmo gastando todo o suado dinheiro do pobre-coitado em shoppings e salões de beleza, entretanto creio que boa parte das mulheres que optam por ficar em casa cuidando da família caminham ao lado do marido, porque se de uma hora para outra essa mulher simplesmente desaparecer (e eu não falo de a mulher sair e ir trabalhar fora, não. Falo dela desaparecer mesmo, deixar de existir, sumir e ele ter que colocar uma (ou mais de uma!) pessoa para fazer tudo que ela fazia, sem quebrar a rotina da família e sem tirar os filhos de nenhuma atividade!) e esse marido tiver que pagar alguém para fazer tudo que a mulher fazia ele certamente não ganhará o suficiente! #prontofalei!

Em sendo assim, quem é que (também!) paga as contas, afinal?!

Cláudia

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Qual o maior exercício de paciência?!


Você já se perguntou qual a situação que lhe fez exercitar mais a paciência, que te fez conquistar controle, que te fez melhorar como pessoa para não explodir?!

Sabe, eu fui criada ouvindo minha mãe dizer que eu era 'pavio curto' como meu pai. É difícil a gente falar de si mesma, mas eu posso me definir como uma pessoa visceral, que coloca intensidade em tudo na vida, que não leva desaforo para casa, que não se mete na sua vida mas se você perguntar o que eu penso eu falo sem medo porque entendo que se você perguntou é porque quer saber. Não tenho meias-palavras, não deixo nada para depois, não fico com assunto mal resolvido porque se ficar minha vida anda em círculos.
Não sei deixar uma coisa mal resolvida para lá, sabe?! Tem um assunto pendente, uma pendenga vamos lá resolver! Tem um mal entendido, vamos conversar até nos entendermos!

Posso dizer que já fui mais visceral. Já briguei mais, já fiz muita tempestade em copo d'água, já lutei por ideais que não me levaram a nada mais além de desgastes físico e emocional.
Quando conheci o André, meu marido e companheiro de sempre, ele passou a ouvir da minha mãe que eu era pavio curto como o meu pai, mas depois de um tempo ele passou a dizer para minha mãe que eu não tinha pavio aparente, que para encontrá-lo era preciso me 'descascar'. kkk
Imagino que assim dá para fazer uma pálida idéia de como eu era!
Não que eu fosse agressiva, mal educada, nada disso. Algumas vezes eu até fui, mas aí precisou me tirar muito do sério. Eu era visceral com certa diplomacia. Sabia brigar com educação...rss
Hoje já não sou tanto, mais! Aprendi que não tenho que brigar para mostrar quem eu sou, que minhas atitudes falam por si e entendi que não preciso brigar por tudo. A opinião que os outros têm a meu respeito é um problema delas e não meu e que algumas situações não valem à pena uma briga.
Uma vez estava pesquisando sobre metafísica da saúde e li ou ouvi em algum lugar que pessoas viscerais demais são acometidas de derrame (AVC) porque estão sempre inflamadas nas suas opiniões, estão sempre brigando contra o mundo e acabam ocasionando hipertensão e como eu não pretendia explodir nada em mim, passei a me controlar mais, passei a deixar para brigar só pelo que realmente valha à pena.
E com isso aprendi a ter mais paciência com muitas situações do dia a dia. Não que seja fácil! Longe disso! No começo parece que você vai explodir por dentro por não manifestar suas opiniões, mas aí consiste o aprendizado: você 'doma' a fera dentro de si e com isso a paciência vem em forma de presente para seu ser!
Quando você descobre isso pensa que encontrou o 'mapa do tesouro', que nada nunca mais vai lhe afetar, nunca nada mais vai deixar você com vontade de explodir o mundo, mas isso não é verdade. Essa sensação é falsa e dura apenas o tempo em que você esbarra em situações das quais você não tem o menor domínio de controle!
Dizem que ter filhos adolescentes é um bom exercício de paciência e eu concordo em partes!
A adolescência é uma fase como outra qualquer de descobertas, de aprendizados e depende muito mais dos pais do que dos filhos a forma como essa adolescência vai ser vivida! Quando nasce um adolescente surge uma outra dinâmica dentro da família, por isso cabe muito mais aos pais do que aos filhos determinar se o adolescente será um adolescente ou um aborrescente.
Eu descobri que adolescentes são adoravelmente insuportáveis! Sim, de verdade! Algumas vezes são mesmo insuportáveis, mas quem não o é?! Isso os torna adoráveis, porque se a gente está disposto a realmente acompanhar e compreender a fase, a gente entra num mundo novo, num mundo de redescobertas!
No evento do Dia das Mães no colégio dos meus filhos foi convidado a palestrar um psicólogo terapeuta de família e esta pessoa magnífica da qual não me recordo o nome falou que pais que acompanham a adolescência dos filhos rejuvenescem, aprendem novos conceitos de vida, novas linguagens de comunicação, ampliam seus gostos musicais, seu léxico gramatical (falando gírias é lógico! rss) e isso os faz caminhar ao lado do filho como amigo sem esquecer o seu papel de pai/mãe que têm. Segundo ele a convivência fica mais leve entre adolescentes e pais que acompanham esta nova fase e eu posso dizer sem medo de errar que isso é uma verdade inconteste!
O começo da adolescência da Tamiris foi muito difícil para mim e para ela. Nós não nos entendíamos, não entrávamos no compasso, eu tinha idéias pré-estabelecidas de como deve ser uma mãe, mas infelizmente não existe manual para ser mãe e você aprende com seus erros a acertar com seus filhos. Tive que me esforçar demais para mudar, tive que quebrar paradigmas, abandonar velhos conceitos de educação e de criação de filhos, tive que me despojar do padrão porque eu tinha uma adolescente que fugia dos padrões de 20 ou 30 anos atrás! Foi uma caminhada dolorosa, mas eu consegui! Eu hoje consigo ser mãe, dar limites, mas consigo ser amiga também! Consigo ser uma mãe que 'curte' Chris Brown, Bruno Mars, Avril Lavigne, Banda Cine sem perder minha identidade com Chico, Caetano, Milton Nascimento, Toquinho porque ampliar é ganhar! Descobri que não tenho que deixar de gostar de nada para acompanhar minha filha em seus gostos e que eu posso gostar das mesmas coisas que ela sem perder minha identidade de mãe. Descobri que posso falar 'caraca', que posso falar 'valeu', que posso falar 'e aí?', posso rir de alguma coisa que eles falam e soltar um 'cê tá brisando' com eles em alguns momentos, que não preciso usar a forma culta aprendida no curso de Letras o tempo todo porque não sou professora de português em tempo integral. Sou mais mãe do que professora e descobri que falando como eles algumas vezes chego mais perto dos seus corações e me faço mais amiga. Com isso ganho, de quebra, a confiança deles!
Não dá para dizer que ter um adolescente em sua vida seja algo fácil! Não...definitivamente não é! É preciso ter uma paciência de Jó para aturar adolescente emburrado, nervoso por 'nada' batendo portas e xingando os irmãos, ou chorando aparentemente sem motivos, ou gritando com você 'a vida é minha, o problema é meu!'. Aaaah, para essa frase é preciso ter muita, mas muita paciência messsmo e parece que é a preferida deles!
Nestes comportamentos acho até que estou passando de ano, estou tendo um bom aproveitamento! rss
De vez em quando até perco a tal da paciência, dou uns gritos, falo umas coisas porque para falar a verdade cansa ouvir essas coisas a toda hora e algumas vezes você tem que 'dar uma cituada' na criatura, mas tudo bem, isso é de menos!
Estou descobrindo que existe algo muito, mas muito pior que permeia a adolescência. Nada a ver com  comportamento, com preguiça, com 'boca solta' para te responder a tudo, nada disso!
Tem a ver com impotência, com sentir-se impotente!
Acontecem coisas na vida dos filhos que quando eles são pequenos você tem total controle. Brigou na escola, você vai lá e conversa com a professora, com a outra mãe se for preciso; machucou você passa uma pomadinha e pronto, está resolvido, quebrou algo de alguém você resolve, foi mal na escola você reforça em casa, caiu as notas sem motivos, dá castigo, mas existem coisas que por mais que eles confiem em você, que te contem, que te permitam participar o máximo possível você não tem o que fazer, você simplesmente não pode fazer nada porque não tem o que fazer, embora você sinta vontade!
E essa está sendo minha maior dificuldade: ter paciência comigo mesma para compreender que eu não posso mais resolver tudo, que eu não tenho o controle de tudo, que de agora me diante, por mais que me seja facultado participar de suas vidas, eu não tenho o poder de resolver muitas coisas.
Não tem nada pior  na vida do que ter vontade de 'meter a boca' no mundo para resolver a questão e não poder!Aí aquela pessoa que não sabe viver com assuntos mal resolvidos, que não leva desaforos para casa descobre que tem que engolir sapos, cobras e lagartos simplesmente porque não pode resolver determinadas situações!Não pode porque não lhe compete, porque não convém ao filho por mais que ele sofra.
Estou descobrindo que talvez eu não tenha aprendido nada na questão do controle da paciência porque estou impaciente, estou explodindo por dentro, sabe? Eu queria resolver situações, queria fazer parar de sofrer, queria tirar a dor e não posso!
Entramos numa fase que eu só posso ouvir, acolher, apoiar e isso não está sendo suficiente para mim porque eu não passei pelo aprendizado ainda. Talvez eu tenha que me despojar de um certo orgulho de mãe que era capaz de resolver tudo, me despojar de uma certa prepotência para compreender e aceitar que cada vez mais serei acompanheira de jornada e menos a mãe mulher-maravilha!
Este está sendo o meu maior exercício de paciência atualmente: compreender que sou limitada e impotente para determinadas coisas na vida dos meus filhos!

Cláudia