quinta-feira, 14 de abril de 2011

Crianças: TRÊS ADOTADAS, TRÊS REJEITADAS ( Leda Nagle)

Rio - Esta semana me encontrei com uma amiga que não via faz tempo. Não sei o tempo e, na verdade, nunca tive muita intimidade com ela. Do nada, começou a falar da vida dela, de como estava feliz aos 35 anos, vivendo há um ano uma nova experiência. Adotou três crianças. De 9, 7 e 6 anos. Os irmãos estavam num abrigo porque os pais perderam a guarda por conta do uso de drogas e abandono de incapaz. Enfim, crianças que até um ano atrás eram criadas pela vida, sem escola, sem carinho, assistindo a cenas de violência de toda sorte entre os pais.
Crianças que tinham até comportamento racista de tanto ouvir a mãe, nas brigas com o pai, chamá-lo aos gritos de preto nojento, quando ele bebia o pouco dinheiro da comida. Crianças do interior do Brasil que em apenas um ano de trabalho estão aprendendo a viver e a amar. A amiga está feliz com os filhos, aprendendo muito com eles, e as crianças, felizes com os pais, descobrindo outra vida com eles. Ela me conta ainda que repete, de certa forma, o que aprendeu com a avó que a criou, junto com outros netos, filhos e mais quem chegasse àquela casa simples, no interior do País. Fico feliz por ela e me vem à cabeça o caso das crianças de Curitiba, nascidas de inseminação artificial. Elas também são três, mas os pais só querem duas. Queriam deixar uma para adoção, o hospital onde elas nasceram reagiu, o conselho tutelar foi chamado e o caso está na Justiça. As crianças nasceram prematuras, o pai escolheu duas, pelo peso, depois trocou uma por outra, mas sempre considerando que só levaria duas.
O geneticista que fez a inseminação e trabalha nisso há 36 anos está chocado. A advogada do casal disse que eles se arrependeram. Funcionários do hospital dizem que eles nunca visitaram as meninas, a advogada dos pais alega que a mãe amamentou as três sem discriminá-las, há testemunhas que afirmam que, no quinto mês da gravidez, eles entraram na Justiça para só ficarem com duas das crianças. Avós maternos e paternos foram ouvidos. Já se sabe que o pai é nutricionista e a mãe, economista, e que ambos têm 30 anos e boa condição financeira. O casal pediu a guarda das crianças, baseado no Estatuto da Criança e do Adolescente, que prioriza o vínculo familiar; a Justiça negou várias vezes. A advogada do casal diz que vai apelar à justiça internacional se não conseguir resolver a questão. E as crianças? Estão num abrigo, à espera da solução. Pobres crianças.

 Fonte: O Dia On Line - 08.04.2011

4 comentários:

  1. Claudia, sou so eu ou realmente da uma vontade louca de adotar essas meninase dar a elas um lar onde elas serão amadas, as tres, igaulmente, como as irmãs que são? Aff Fiquei feliz ccom a historia da sua amiga, que bom que essa familia pode se unir!

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  2. Filhos adotados ou biológicos, o que os une e cria vínculos com seus pais é o amor, que parece sobrar no primeiro caso e infelizmente faltar no segundo. Pais que escolhem seus filhos como se fossem mercadorias na prateleira de um supermercado...

    Abraços.

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  3. oi Claú,parabéns pela atitude da sua amiga!
    olha tenho uma pena destas 3 meninas viu, os pais escolhendo como mercadoria, um absurdo deveriam colocar logo para adoção (claro que quem adotar tem que adotar as 3 juntas).

    estava com saudades do seu blog.
    beijos

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  4. Como os sentimentos podem ser diferentes, não? E o grau de instrução não tem nada a ver com isso, pois os pais que rejeitaram os próprios filhos são instruídos e de boa condição financeira. Realmente, é chocante, ainda bem que existe o lado oposto, de pessoas como a sua amiga. Parabéns para ela!
    Beijo
    Adri

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