terça-feira, 9 de março de 2010

Filhos...

Puxa, hoje eu ía escrever sobre as crianças, como estão, sobre a adaptação na nova escola, mas estou muito pensativa...

Ontem fui com o André à psicóloga da Tamiris receber a devolutiva do período de avaliação. Foi muito bom. Não, bom não...foi excelente!!!!
Conversamos muito, algumas coisas que ela observou eu já sabia porque são claras para mim, outras foram novidade, mas nada demais, coisas da personalidade, dos desejos introjetados, dos sonhos...ela é muito sonhadora!!! rss

Confesso que hoje estou meio que vivendo um luto porque preciso ver minha menina como um ser que já não é mais a minha extensão, que tem vontades e desejos que eu não posso mais influenciar, que tem necessidades das quais eu terei que abrir mão de algumas coisas, sejam materiais, sejam emocionais, que terei que ir dando mais espaço porque ela está crescendo e não é só de espaço físico que ela necessita, terei que soltá-la para fazer suas descobertas, que experimente e faça suas escolhas do que é bom ou ruim. Claro que isso é um processo, que não será de uma vez, mas a expectativa, a tomada de consciência disso é muito estranho!
E mais uma vez eu afirmo, com toda a força: o crescimento deles dói fisicamente neles e dói muuuuito emocionalmente em nós!!!

A psico comentou que foi a uma palestra de um especialista em adolescentes certa vez e que ele disse que os adolescentes precisam viver o luto do corpo infantil e que os pais, em tendo um filho jovem, adolescente dentro de casa, também de certa forma vivem o luto da sua juventude, que tendo uma figura jovem dentro de casa começam a ver que já não são mais jovens e que começam a reviver suas adolescências, a relembrarem momentos e isso tem acontecido de verdade! Coisas que eu há muito não lembrava, de vez em qdo vem de forma natural.

Estamos, todos nós pais e mães, tentando fazer o melhor por nossos filhos, entretanto algumas vezes o que nos parece o melhor pode não ser o melhor na visão deles.
Estou constantemente tentando compreender esta fase de vida dela, tentando mudar alguns valores e alguns conceitos dentro de mim e, embora seja um crescimento, é muito difícil e dolorido, também.
Como descobrir o que é o melhor?!

Não ía falar nada disso, mas entrei num blog ainda agora e mexeu muito comigo o que aconteceu com ela, a mãe!
Fiquei pensando: como saber, de verdade, se estamos fazendo realmente o melhor?! Será que podemos evitar de sermos bloqueadas por um filho, seja no msn, seja na vida deles?!
Todas nós nos dedicamos, buscamos mesmo fazer o melhor. Então o que fazer quando algo desse tipo acontece?! O que sentir?! Por onde começar a avaliar as coisas?!  O que um filho quer dizer, qual mensagem ele está enviando quando decide que não quer ter contato com você, ainda que temporariamente?!  Como compreender se o outro não der uma explicação?! E mesmo que der, será que será o suficiente para entendermos, depois de tudo que vivemos por eles?!
Imagino que a sensação num momento destes seja meio que: nossa, tentei fazer tudo certo, mas acho que deu errado! Sabe?!
Tá...tudo bem que não devemos criar filhos pensando em consideração, gratidão, amor eterno, mas numa situação como esta creio que é inevitável se pensar em tudo que se fez por ele!
Talvez nós mães tenhamos que aprender a dedicarmos nossas vidas e aliar o desapego no relacionamento. Tipo: estou criando meus filhos para o mundo, eles serão do mundo!

O Gasparetto sempre falava quando tinha programa na rádio Mundial que os pais só são pais até os 12, 13, 14 anos dos filhos. Depois disso passam a ser companheiros de jornada, que tudo que fizemos por eles, tudo que ensinamos já está introjetado. Depois compete aos pais apenas amparar estes filhos nos momentos em que eles necessitarem e criar vínculos de amizade, confiança...
Talvez nos falte essa visão: a de que os filhos não precisarão de nós a vida inteira, mas que precisarão de nós eventualmente depois que crescerem, que esse 'desligamento' se inicia a partir da adolescência, e daí em diante eles vão precisando cada vez menos...

Mãe e pai têm a função e o dever de orientar, encaminhar, direcionar até certo ponto os filhos, mas onde nossa função começa a ser empecilho para o fortalecimento do relacionamento?! Até que ponto podemos ir e quando devemos recuar para não sermos a figura que 'enche o saco', para nos tornarmos o porto seguro em que eles confiam e podem contar quando precisarem?
Ou será que em algum momento da vida, por mais comedidos que sejamos, seremos a figura que 'enche o saco' e que eles precisem se distanciar?! Será natural para que firmem sua identidade?!
Não sei...

0 início de adolescência da Tamiris me atropelou, me pegou numa fase em que eu estava recomeçando com um bebê...que diga-se de passagem era doente e exigia muito de mim. Fiz muita coisa errada, mas estou ainda tentando acertar. Será que nesta busca eu vou conseguir encontrar estas respostas todas?! Ou será que vou ser a figura que 'enche o saco' sempre?!
Sim, porque ela verbaliza isso de vez em quando: 'ai, mãe, vc enche o saco...'.

Neste momento, quando eu começava a sentir um pouco de segurança nas minhas descobertas, que comecei a ver que algumas mudanças em mim melhoraram as coisas, uma nova entrada na adolescência começa a me atropelar e, novamente, me vejo perdida porque tudo que eu adquiri de conhecimento até agora e que ajudou a melhorar nosso relacionamento (meu e da Tamiris) não está servindo de nada...ou de quase nada!...para o Tales!
Hoje de manhã ele chutou a irmã duas vezes por nada, por bobeirinhas que ela falou ou uma risadinha provocativa, eu conversei com ele e vi em seu olhar que não aceitava nada do que eu estava falando! E neste momento eu não o reconheci!!!
É uma sensação muito estranha de você olhar e não reconhecer naquela pessoa à sua frente o seu filho!!! E isso aconteceu diversas vezes com a Tamiris, também!
E nessa vou ter que buscar o ponto para compreender este outro filho e esta nova fase...
Terei que reaprender para lidar com ele. Ou terei que aprender coisas novas?!
Puxa...

Enfim, hoje estou  assim, introspecta e cheia de perguntas, um tanto mexida com ainda nem sei o quê, que foi deflagrado pelo blog que li...

beijocas,

Cláu

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