quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Qual o maior exercício de paciência?!


Você já se perguntou qual a situação que lhe fez exercitar mais a paciência, que te fez conquistar controle, que te fez melhorar como pessoa para não explodir?!

Sabe, eu fui criada ouvindo minha mãe dizer que eu era 'pavio curto' como meu pai. É difícil a gente falar de si mesma, mas eu posso me definir como uma pessoa visceral, que coloca intensidade em tudo na vida, que não leva desaforo para casa, que não se mete na sua vida mas se você perguntar o que eu penso eu falo sem medo porque entendo que se você perguntou é porque quer saber. Não tenho meias-palavras, não deixo nada para depois, não fico com assunto mal resolvido porque se ficar minha vida anda em círculos.
Não sei deixar uma coisa mal resolvida para lá, sabe?! Tem um assunto pendente, uma pendenga vamos lá resolver! Tem um mal entendido, vamos conversar até nos entendermos!

Posso dizer que já fui mais visceral. Já briguei mais, já fiz muita tempestade em copo d'água, já lutei por ideais que não me levaram a nada mais além de desgastes físico e emocional.
Quando conheci o André, meu marido e companheiro de sempre, ele passou a ouvir da minha mãe que eu era pavio curto como o meu pai, mas depois de um tempo ele passou a dizer para minha mãe que eu não tinha pavio aparente, que para encontrá-lo era preciso me 'descascar'. kkk
Imagino que assim dá para fazer uma pálida idéia de como eu era!
Não que eu fosse agressiva, mal educada, nada disso. Algumas vezes eu até fui, mas aí precisou me tirar muito do sério. Eu era visceral com certa diplomacia. Sabia brigar com educação...rss
Hoje já não sou tanto, mais! Aprendi que não tenho que brigar para mostrar quem eu sou, que minhas atitudes falam por si e entendi que não preciso brigar por tudo. A opinião que os outros têm a meu respeito é um problema delas e não meu e que algumas situações não valem à pena uma briga.
Uma vez estava pesquisando sobre metafísica da saúde e li ou ouvi em algum lugar que pessoas viscerais demais são acometidas de derrame (AVC) porque estão sempre inflamadas nas suas opiniões, estão sempre brigando contra o mundo e acabam ocasionando hipertensão e como eu não pretendia explodir nada em mim, passei a me controlar mais, passei a deixar para brigar só pelo que realmente valha à pena.
E com isso aprendi a ter mais paciência com muitas situações do dia a dia. Não que seja fácil! Longe disso! No começo parece que você vai explodir por dentro por não manifestar suas opiniões, mas aí consiste o aprendizado: você 'doma' a fera dentro de si e com isso a paciência vem em forma de presente para seu ser!
Quando você descobre isso pensa que encontrou o 'mapa do tesouro', que nada nunca mais vai lhe afetar, nunca nada mais vai deixar você com vontade de explodir o mundo, mas isso não é verdade. Essa sensação é falsa e dura apenas o tempo em que você esbarra em situações das quais você não tem o menor domínio de controle!
Dizem que ter filhos adolescentes é um bom exercício de paciência e eu concordo em partes!
A adolescência é uma fase como outra qualquer de descobertas, de aprendizados e depende muito mais dos pais do que dos filhos a forma como essa adolescência vai ser vivida! Quando nasce um adolescente surge uma outra dinâmica dentro da família, por isso cabe muito mais aos pais do que aos filhos determinar se o adolescente será um adolescente ou um aborrescente.
Eu descobri que adolescentes são adoravelmente insuportáveis! Sim, de verdade! Algumas vezes são mesmo insuportáveis, mas quem não o é?! Isso os torna adoráveis, porque se a gente está disposto a realmente acompanhar e compreender a fase, a gente entra num mundo novo, num mundo de redescobertas!
No evento do Dia das Mães no colégio dos meus filhos foi convidado a palestrar um psicólogo terapeuta de família e esta pessoa magnífica da qual não me recordo o nome falou que pais que acompanham a adolescência dos filhos rejuvenescem, aprendem novos conceitos de vida, novas linguagens de comunicação, ampliam seus gostos musicais, seu léxico gramatical (falando gírias é lógico! rss) e isso os faz caminhar ao lado do filho como amigo sem esquecer o seu papel de pai/mãe que têm. Segundo ele a convivência fica mais leve entre adolescentes e pais que acompanham esta nova fase e eu posso dizer sem medo de errar que isso é uma verdade inconteste!
O começo da adolescência da Tamiris foi muito difícil para mim e para ela. Nós não nos entendíamos, não entrávamos no compasso, eu tinha idéias pré-estabelecidas de como deve ser uma mãe, mas infelizmente não existe manual para ser mãe e você aprende com seus erros a acertar com seus filhos. Tive que me esforçar demais para mudar, tive que quebrar paradigmas, abandonar velhos conceitos de educação e de criação de filhos, tive que me despojar do padrão porque eu tinha uma adolescente que fugia dos padrões de 20 ou 30 anos atrás! Foi uma caminhada dolorosa, mas eu consegui! Eu hoje consigo ser mãe, dar limites, mas consigo ser amiga também! Consigo ser uma mãe que 'curte' Chris Brown, Bruno Mars, Avril Lavigne, Banda Cine sem perder minha identidade com Chico, Caetano, Milton Nascimento, Toquinho porque ampliar é ganhar! Descobri que não tenho que deixar de gostar de nada para acompanhar minha filha em seus gostos e que eu posso gostar das mesmas coisas que ela sem perder minha identidade de mãe. Descobri que posso falar 'caraca', que posso falar 'valeu', que posso falar 'e aí?', posso rir de alguma coisa que eles falam e soltar um 'cê tá brisando' com eles em alguns momentos, que não preciso usar a forma culta aprendida no curso de Letras o tempo todo porque não sou professora de português em tempo integral. Sou mais mãe do que professora e descobri que falando como eles algumas vezes chego mais perto dos seus corações e me faço mais amiga. Com isso ganho, de quebra, a confiança deles!
Não dá para dizer que ter um adolescente em sua vida seja algo fácil! Não...definitivamente não é! É preciso ter uma paciência de Jó para aturar adolescente emburrado, nervoso por 'nada' batendo portas e xingando os irmãos, ou chorando aparentemente sem motivos, ou gritando com você 'a vida é minha, o problema é meu!'. Aaaah, para essa frase é preciso ter muita, mas muita paciência messsmo e parece que é a preferida deles!
Nestes comportamentos acho até que estou passando de ano, estou tendo um bom aproveitamento! rss
De vez em quando até perco a tal da paciência, dou uns gritos, falo umas coisas porque para falar a verdade cansa ouvir essas coisas a toda hora e algumas vezes você tem que 'dar uma cituada' na criatura, mas tudo bem, isso é de menos!
Estou descobrindo que existe algo muito, mas muito pior que permeia a adolescência. Nada a ver com  comportamento, com preguiça, com 'boca solta' para te responder a tudo, nada disso!
Tem a ver com impotência, com sentir-se impotente!
Acontecem coisas na vida dos filhos que quando eles são pequenos você tem total controle. Brigou na escola, você vai lá e conversa com a professora, com a outra mãe se for preciso; machucou você passa uma pomadinha e pronto, está resolvido, quebrou algo de alguém você resolve, foi mal na escola você reforça em casa, caiu as notas sem motivos, dá castigo, mas existem coisas que por mais que eles confiem em você, que te contem, que te permitam participar o máximo possível você não tem o que fazer, você simplesmente não pode fazer nada porque não tem o que fazer, embora você sinta vontade!
E essa está sendo minha maior dificuldade: ter paciência comigo mesma para compreender que eu não posso mais resolver tudo, que eu não tenho o controle de tudo, que de agora me diante, por mais que me seja facultado participar de suas vidas, eu não tenho o poder de resolver muitas coisas.
Não tem nada pior  na vida do que ter vontade de 'meter a boca' no mundo para resolver a questão e não poder!Aí aquela pessoa que não sabe viver com assuntos mal resolvidos, que não leva desaforos para casa descobre que tem que engolir sapos, cobras e lagartos simplesmente porque não pode resolver determinadas situações!Não pode porque não lhe compete, porque não convém ao filho por mais que ele sofra.
Estou descobrindo que talvez eu não tenha aprendido nada na questão do controle da paciência porque estou impaciente, estou explodindo por dentro, sabe? Eu queria resolver situações, queria fazer parar de sofrer, queria tirar a dor e não posso!
Entramos numa fase que eu só posso ouvir, acolher, apoiar e isso não está sendo suficiente para mim porque eu não passei pelo aprendizado ainda. Talvez eu tenha que me despojar de um certo orgulho de mãe que era capaz de resolver tudo, me despojar de uma certa prepotência para compreender e aceitar que cada vez mais serei acompanheira de jornada e menos a mãe mulher-maravilha!
Este está sendo o meu maior exercício de paciência atualmente: compreender que sou limitada e impotente para determinadas coisas na vida dos meus filhos!

Cláudia




9 comentários:

  1. oi Claú!estou na fase em que o Pedro vive mau humorado ainda!, mas sou como você quero resolver tudo e também explodia por tudo, agora estou tentando não brigar porque como disse não vale a pena brigar por qualquer coisa.

    beijos

    ResponderExcluir
  2. uauuuuuuuu você pode dar palestra na escola já... gente eu amei o seu texto! Parabéns!
    Espero que você aprenda sem muitas dores. já pensou em sua mãe ou alguém mais velho vendo vc passar por isso e vindo com uma plaquinha na mão do tipo, eu já sabia? Acho que o adolescente sente essa angustia que vc tá sentindo só que de outra forma, em outra situação... tudo é novidade né? Bom, espero que tenha sucesso e que a paz reine por aí... o passo da análise vc fez e deve ser doído mesmo ver os flhos crescerem... mas como vc mesmo disse: a parte boa compensa!
    beijos

    ResponderExcluir
  3. UAU, ameii o texto tbm....você escreveu com o coração, por isso ficou tão bonito. Brigo muito com minha mãe porque ela quer fazer tudo pela gente, sei que é por amor mas as vezes a gente se sente burra, sabe? Cada um está num estágio de evolução mental, físico e espiritual por isso devemos amar ao próximo como amamos a nós mesmos e nisso está implícito ter paciência. É difícil mas a convivência diária com os problemas é que nos fazem evoluir. Adorei! Beijos!

    ResponderExcluir
  4. Nossa obrigada pela visita lá no blog e pelas dicas!!!!! Eu lá passando pela terrible twos e vc aqui com sua adolê né?! Realmente, ainda tenho muito pela frente rsrsrs acho que o terrible twos nem é tão terrível assim né? rsrsrsrs Sua família é linda li vários posts aqui no seu blog e adorei!! bjs!!

    ResponderExcluir
  5. Com o passados anos as pessoas ficam mais tranquilas,espera ai acho que estou mentindo kkk, pois minha mãe nunca foi tranquila na vida e agora parece que pioro e olha que ela é nova apenas 56 anos.Eu já fui muito nervosa,brigava,quebrava,fala palavrão.Hoje tento ser mas tranquila e positiva,acho que por isso quero ter outro filho pois quando tive Felipe eu era muito nova e nervosa.Hoje ele tem uma mãe muito mais calma.Bjs adorei o texto.

    ResponderExcluir
  6. Oi Cláudia!
    Adorei seu texto. Estamos sempre aprendendo como mães, não é? Quando estamos começando a aprender uma fase a criança passa pra outra... :) Mas o bom dessa amizade pela net é que já estou aprendendo coisas por tudo o que leio e essas coisas me fazem refletir e quem sabe ser uma mãe melhor no futuro. Hoje estou aqui refletindo sobre como serei mãe de adolescentes que além de viverem numa época diferente da minha, vivem numa cultura totalmente diferente da que vivi. Aqui quando namoram os pais garantem a segurança do casal conversando sobre sexo, e tb deixando eles a vontande dormindo na casa um do outro!!! Ai meu Deus!!! Imagina! Eu não consigo imaginar isso... Sou quadrada, mantive a virgindade durante muito tempo, até aparecer meu marido... Como posso lidar com isso? vou ter que me virar aqui, mas desde já me apavoram os temas e a diferença de cultura... Haja dose de paciência pra mim...
    Beijinhos!

    ResponderExcluir
  7. Oiee,

    Adorei o post! Vou confessar que ao mesmo tempo em q não vejo a hora de ver meus filhos grandes também morro de medo da adolescencia!
    Eita fase difícil viu! Acho q pq eu praticamente ajudei minha mãe a criar minhas duas irmãs mais novas e vi como elas deram trabalho, morro de medo!!

    Bjos!

    Loreta #amigacomenta;)

    @bagagemdemae
    www.bagagemdemae.com.br

    ResponderExcluir
  8. Muito bom, gostei muito do seu texto. Eu sendo adolescente eu vi realmente a situação dos meus país semelhante a sua, eu recomendei essa publicação para que eles lê-se. Parabéns... - crashfox.blogspot.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Correção do endereço: onde lê-se crashfox-blogspot.com leia-se crashfox1-blogspot.com

      Excluir

Já que você chegou até aqui, por favor deixe seu recadinho. Sua visita foi muito importante e seu recadinho nos deixa ainda mais feliz! :)