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domingo, 4 de setembro de 2011

E quem é que paga as contas, afinal?!

Você passa a primeira fase da sua vida sonhando em ter a SUA família, casar, ter filhos!.
Estuda, trabalha, encontra aquela pessoa com quem você pretende compartilhar o resto de sua longa vida, namora, casa, estrutura um pouco a vida e planeja! Planeja filhos, planeja como será sua vida com os filhos, determina quais as suas prioridades quando estes filhos começarem a chegar e aí o primeiro filho chega!
Alegria, encantamento, preocupação!
Situação incomum para a maioria das mulheres: você não ficou grávida, estava esperando um filho para não se sabia quando e do dia para a noite, embora estivesse esperando há muito tempo, você se vê com o filho nos braços, de férias do serviço em uma empresa que não te deu licença-maternidade porque não entendeu que você se tornou mãe...ou te considerou menos mãe do que quem fica grávida, ou que teu filho merecesse menos de você do que um filho biológico...e tem ali, em forma de bebê a realidade: você tem, agora, que tomar decisões que antes viviam no âmbito dos planos!
Dias antes de terminar as férias você precisa decidir quais são as suas prioridades: dar de tudo (materialmente falando) para aquele filho ou dar tudo de você para ele?
E aí pondera sobre sua realidade: 2 horas de condução para chegar ao trabalho + hora para entrar -  hora para sair + duas horas e meia (no mínimo, porque SP em final de tarde e início de noite é foguete!) para voltar para casa  depois do trabalho, chegando em média por volta das 21:00hs + praticamente todo o seu salário no final do mês para pagar aquela suuuuper creche para cuidar do filho para você, porque teria o extra de passar do horário de pegá-lo ao final do expediente e você se pergunta: o que vai sobrar de mim para essa pequena criatura?! NADA! Não sobrava nada de mim nem para mim mesma!!!
Você vê que seus valores do ter são menos importantes do que os seus valores do ser e decide, junto com aquele que é seu companheiro para a vida toda, que o melhor mesmo é cuidar da cria e abrir mão de ter algumas coisas, principalmente porque ainda que trabalhasse teria mesmo que abrir mão, uma vez que a creche te comeria tudo que você batalhou o mês para ganhar! Que sentido faria isso? E que sentido teria você ter esperado 4 anos por um filho para que depois de um mês e pouco de sua chegada você o deixar 12 a 15 horas pelas mãos de berçaristas de creche, o visse dormindo apenas durante a semana e estivesse esbagaçada nos finais de semana para poder curtir aquela pequena criatura ao seu lado?
E aí você vira a mãe, a dona de casa, aquela que 'não faz nada'!
Você cuida da família, administra a casa, os conflitos, a escola, os problemas. Você leva filhos para a escola, para a casa dos amigos para fazer trabalhos, para brincar, leva à fisioterapia, aos médicos, às aulas extra, vai ao mercado, ao banco, às reuniões, busca o marido, leva o marido, cuida da casa, da comida, das roupas, separa brigas, ouve um, ouve outro, dá conselhos, dá broncas, põe de castigo, faz um carinho, dá um beijinho no dodói, cuida do cachorro, controla acessos à internet, administra a reforma e ainda assim é, aos olhos de todos que te cercam aquela que não faz nada porque não trabalha fora!
Não posso falar de todas as mães que optaram por ficar em casa, mas eu particularmente optei porque achei importante acompanhar meus filhos, fiz planos de viver a vida que vivo hoje de estar na porta do colégio observando o movimento e o comportamento da meninada, estar em contato, ainda que seja de um aceno de mão e um sorriso distante para professores, funcinários do colégio e outros pais e mães que se esbarram na saída sempre correndo em suas horas de almoço, de conhecer os amigos pelos nomes, de ter a oportunidade de colocá-los em cursos extra e poder levar e buscar, andar com um e com outro no carro, poder conversar individualmente, ouvir o que têm para falar ou simplesmente não falar nada, apenas ouvir suas músicas preferida com um deles ao lado em silêncio.
Eu posso dizer, sem sombra de dúvidas, que vivo a vida que sempre sonhei, que sou realizada. Sou feliz!
Cuido dos filhos pessoalmente e integralmente por opção e não por pressão social. Aliás, se fosse ceder à pressão social estaria no mercado de trabalho mesmo quando minha primeira filha ainda tinha cólicas pavorosas! Teria voltado das férias que deveriam ter sido licença-maternidade sem nenhuma culpa por colocar meu bebê tão esperado na creche o dia inteiro!
Então, como vivo a vida que sempre sonhei, embora com as dificuldades naturais de uma família grande e de uma única renda, tenho uma auto-estima bem boa, não considero em hipótese alguma que sou inútil, que não faço nada porque se isso fosse verdade eu não chegaria ao final de cada dia podre de cansada e desejando banho e uma cama. Não me considero dona de casa e sim a dona da casa, mas tem coisas que te fazem pensar...
Você sabe que diante da sociedade você é uma desocupada: #fato. Isso fica claro quando alguém te olha admirado pergunta:
- Ah, você não trabalha? Só cuida da família?
Como assim eu não trabalho?! Eu não exerço trabalho remunerado, o que é beeeem diferente de não trabalhar!
Aliás, até exerço trabalho remunerado para a família quando sento neste computador por dias e dias para editar e tratar fotos dos clientes do marido, neah?
Ah, sim, mas eu não ganho dinheiro saindo de casa! Então não faço nada! Aaaah, tá! De onde será que as pessoas tiram essas idéias?!
Eu SÓ cuido da família?! Como assim?! 
E de repente você se dá conta que o buraco é muuuuito mais embaixo. Um belo dia você pega no pé de um filho adolescente, exige algumas coisas dele, que se rebela e grita a altos brados, com toda  a força dos pulmões:
-a vida é minha, ninguém tem nada com isso, o problema é meu!
E você olha para aquela criatura que está vivendo uma fase camaleônica, metamorfósica, difícil e conflitante e diz, não em altos brados, não com a força do seu pulmão como ele o fez, mas em tom bem audível que você tem SIM que ver com a vida dele, que você tem SIM a ver com tudo que se refere a ele e que tudo que acontece com ele é problema seu SIM, porque ele não paga nem a bala que come ainda e de repente ele pára com o piti, olha para você e não diz nada, mas você lê em sua fisionomia um:
- você também não!
Aí você coloca aquele olhar em palavras e ele confirma! Na cabeça do seu filho também você é uma desocupada, será?!
Hummm, então tá!

Muita gente tem em mente que a mulher que não exerce trabalho remunerado vive de explorar o marido. Pode até ser que algumas fazem isso mesmo gastando todo o suado dinheiro do pobre-coitado em shoppings e salões de beleza, entretanto creio que boa parte das mulheres que optam por ficar em casa cuidando da família caminham ao lado do marido, porque se de uma hora para outra essa mulher simplesmente desaparecer (e eu não falo de a mulher sair e ir trabalhar fora, não. Falo dela desaparecer mesmo, deixar de existir, sumir e ele ter que colocar uma (ou mais de uma!) pessoa para fazer tudo que ela fazia, sem quebrar a rotina da família e sem tirar os filhos de nenhuma atividade!) e esse marido tiver que pagar alguém para fazer tudo que a mulher fazia ele certamente não ganhará o suficiente! #prontofalei!

Em sendo assim, quem é que (também!) paga as contas, afinal?!

Cláudia