quinta-feira, 8 de abril de 2010

Voltando ao assunto: a Escola e a Criança Adotiva...

Estamos em pleno século XXI, muito se fala de evolução, de despreconceitualização, de aceitação, de quebra de paradigmas, mas de vez em quando acontecem coisas que nos mostram que nem tudo evoluiu tanto assim...

Estou escrevendo isso hoje porque vejo que o número de visitas é infinitamente maior do que o número de pessoas que deixam comentários, o que faz eu me atrever  a imaginar que dentre estes tantos visitantes haja professores, coordenadores pedagógicos, pessoas envolvidas com educação que possam fazer a diferença em suas escolas!

Em tempos de inclusão, onde dizem que as escolas se abriram e aceitaram as diversas formações familiares, como explicar que algumas escolas ainda mantenham atividades onde constem:
- pedir foto da mãe grávida?!
- pedir uma peça de roupa de quando a criança era bebê?!
- pedir para a mãe escrever sobre a história do nome da criança?!

Será que as escolas realmente se abriram para TODAS as formações familiares existentes?!

Quando uma escola propõe atividades como estas citadas, está valorizando apenas laços consaguíneos e admitindo como filhos apenas crianças que foram geradas por suas mães biológicas excluindo, automaticamente, crianças que foram adotadas maiores, crianças que vivem com a madrasta ou com uma tia e em cujo relacionamento exista uma lacuna do período de gravidez e primeiros anos de vida, crianças que foram adotadas ainda bebês porque dificilmente uma mãe adotiva tem foto da mãe biológica grávida e ainda que tenha, creio que não vai desejar mandar tal foto para a escola do filho, crianças abrigadas!!!

Para estudar a origem e a formação da família não precisa, necessariamente, se utilizar foto de mãe grávida, sequer de roupinhas de bebê!
Uma criança pode nascer para sua família já com meses ou anos, pode vir com um nome e este não ser mudado por uma série de fatores!
Como ficam as famílias e as crianças nestas condições de formação familiar quando uma atividade pede a história do nome ou uma foto da mãe grávida?!
Será que os senhores e senhoras que programam tais atividades nunca se questionaram ou será que nem sabem que famílias adotivas existem e que filhos adotivos podem chegar em diversos tamanhos e idades?!

Ah, mas tem uma outra atividade: a de ver com quem a criança se parece!
Esta atividade também é exclusiva!!!
Um filho biológico pode não se parecer com os pais, mas parecer-se com um dos avós, um dos tios...
E uma criança adotiva?! Com quem se parecerá?!
Há casos de crianças que até se parecem de verdade com suas famílias adotivas, existe uma identificação física com pais e parentes, mas existem adoções inter-raciais! Como identificar semelhanças?! Como uma criança se sentiria quando, sendo obrigada a se comparar com sua família, com seu porto seguro, descobre ainda em tenra idade que não se parece com ninguém?!
Esse é um processo natural,  a criança vai descobrindo aos poucos, ao longo dos anos, que não existe semelhança física, mas ela tem o tempo de compreender que o que vale, mesmo, é o amor, a ligação que existe entre ela e a família. É cruel demais colocar uma criança pequena para confrontar tal realidade!

Vejo vez ou outra uma mãe desesperada por não saber o que fazer quando uma atividade como esta é proposta!
Ir falar com a professora e a coordenadora é um caminho, mas se a atividade está em andamento, o que fazer se seu filho está fora dos quesitos pedidos na lição?! Não mandar a crinaça para a escola?! Não fazer a atividade?! Mentir?! Mudar a criança de escola?!
Por mais que as famílias tratem a adoção de forma natural dentro de casa, por mais que uma criança de 3, 4 anos saiba (ou tenha noção) de que não nasceu da barriga da mamãe, ela dificilmente vai entender porque todos os amiguinhos têm fotos das mães grávidas e ela não!

Eu mesma tive minha família atingida por uma situação de estudo de formação familiar, com uma "professora" que estava mais preparada para fazer cestas de café da manhã do que para lidar com crianças, que aceitou naturalmente todos os depoimentos de diversos tipos de família que as crianças expressaram, mas que perguntou para o meu filho porque ele foi adotado, porque a 'mãe de verdade' deu ele! Isso para uma criança de 7 anos de idade!!!

Não sou vingativa e compreendo que cada um só dá o que tem, mas  neste caso ela certamente tem um lugar reservado no inferno pelo que fez e pelo que causou no emocional dele e, graças ao bom Deus, ela viu que o negócio dela eram as cestas e parou de lecionar, assim estará poupando outras crianças de passarem pelo que meu filho passou!!!

Fica aí uma reflexão, porque em tempos que tanto se fala de inclusão é triste ver que ainda existam escolas  que não reelaboraram algumas atividades e não as adaptaram para os tempos modernos, não incluíram verdadeiramente TODAS as diversas e mais variadas formas de família!

beijos,

Cláu

9 comentários:

  1. Obrigada por compartilhar esse texto conosco no grupo, viu, amiga?!
    Imprimi e levei para a diretora da escola da Luíza, pedi para ela não deixar de passar para as profªs, ela adorou!
    Bom fim de semana pra vcs...
    Fiquem com Deus...
    Um forte abraço...
    Paty e Luíza

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  2. Clau,tem selinhos para você no meu blog !

    adorei o texto,nunca tinha pensado sobre criança aotiva e escola.

    beijos

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  3. Belas palavras Cláu, tb ando revoltada com as pessoas, com os comentários...acho q vou imprimir sua mensagem e andar com várias cópias na bolsa p distribuir aos preconceituosos...
    Abç
    Fernanda ferreira e Gui

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  4. Claudia tudo bem com vocês ??? esta sumida,apareça.

    boa semana

    beijos

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  5. boa a materia mas infelizmente tem muita coisa desagradavel ainda para nos que temos esses filhos muitos amados que nao tem diferença o amor que sentimos.sempre apareca um mas nao parece com voce ou nao parece com os irmaos eu sofr com isso minha filha sofreu com esse comentario beijo beti e de minha filha tamirys de 7 anos

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  6. Perfeitas as suas colocações. Parabéns!
    Suas palavras deveriam constar dos PCNs para incluir a ADOÇÃO nos temass transversais e na Pluralidade Cultural.
    Amei!
    Prof. Marta

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  7. Clau, querida amiga,

    Mais um texto precioso e esse não posso deixar de comentar. Passei por um trabalho assim com Elaine ano passado.

    Felizmente, eu consegui converter em um momento de construção para nós.. mas e quem não conseguir fazer isso? Mesmo com muito tato, existiam perguntas que nos doiam um pouco pelo desejo de termos vivido juntas desde o nascimento dela...

    Outra questão: dou aulas de Ciências Sociais no curso de Pedagogia e um dos meus debates com as alunas é exatamente esse. Como trabalhar, em sala de aula, as novas configurações familiares?
    Com certeza, seu texto já veio para meio acervo.

    Obrigada por partilhar seus pensamentos.
    Beijo no coração!

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  8. Olá gostaria de compartilhar a maravilhosa experiência da adoção na qual estou vivendo com 05 irmãos e a feliz coincidência de ser diretora de uma escola onde tenho o prazer estar com meus filhos, onde os mesmos foram recebidos de braços abertos pelos meus amigos professores, alunos e pais.Eles estão em todas as fases escolares do berçário ao fundamental, ou seja dos 02 anos aos 12 anos.Vivi a incrível experiência do Dia das Mães e meu esposo acabou de vivenciar o Dia dos Pais, foi tudo muito forte, marcante e inesquecível e assim como descrito em seu depoimento, realmente é uma prática comum nas escolas, o que a escola onde os meus filhos estão, além de que eu seja a diretora,se diferencia muito é a gestão humanizada, sempre atenta com cada família e sua singularidade, o que realmente me trouxe até aqui, ter o prazer e estar preparada para assumir a maternidade de 05 irmãos lindos.E vivendo uma experiência de cada vez, como qualquer outra Família vivencia, afinal Educar para a Vida é uma surpresa...Não deixe que ninguém interfira na grandiosidade do seu amor, que tenho certeza é incondicional.
    Um grande abraço!

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  9. Cláudia, tenho uma tia q é psicopedagoga, acho q é esse o nome rsrsrsr.....e mandei um texto q li, quase igual a este...estou esperando a resposta, ela tem uma escolinha, e perguntei se elas estão mudando o jeito de tratar e incluindo nas escolas q o q vale é o amor o afeto......assim q ela responder te passo a resposta...bj

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