sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Eu, a depressão e o pânico! Um alerta!

Puxa, este meu espaço anda tão abandonado! Fico triste, mas não tenho sentido motivação para escrever!
Na verdade, para mim, escrever neste blog não faz muito sentido mais. O objetivo dele era divulgar informações sobre adoção, textos e desabafos com intuito de dirimir o preconceito em relação ao filho e à família adotiva e mostrar com a minha vivência familiar que para ser pai, mãe, filhos não é necessário ter o mesmo sangue, mas sim ter muito amor, muito desejo de ser verdadeiramente uma família independente da origem dos seus membros.

O que isso tem a ver com o título do post? Absolutamente nada! É que estou pensando no que fazer em relação ao blog e às coisas que quero escrever. 

Então vamos ao que interessa!
imagem retirada do Google

Em dezembro postei que adoeci de depressão. É gente: depressão é uma doença. Uma doença que te faz sofrer, que tira o brilho da vida dos teus olhos, que faz tudo à sua volta perder o sentido!
Quem nunca teve não entende. Pode achar que é falta de fé, que é falta de vontade, que é pessimismo exacerbado, que é isso ou aquilo...
Eu, por muito tempo, achava que era falta de auto-controle e de vontade.
Eu venho de uma família onde todas as mulheres sofrem de depressão. Minha mãe e minhas tias tratam há anos, porém eu nunca aceitei essa doença para mim. Sempre que passava mais de uma semana em estado depressivo eu já chacoalhava a saia, dava 3 pulos e falava: sai que esse corpo não te pertence!
Todos passamos por momentos depressivos na vida. São momentos, passam rápido. Uma tristeza um pouco mais persistente por algo que afetou demais é normal. O que não é normal é este estado se prolongar por muito tempo.
Desde o início do ano passado eu não andava bem. Desânimo, cansaço, dores no corpo. Eu dormia e não descansava. Acordava como se não tivesse dormido nada. A coisa foi se arrastando e eu achando que era o colchão velho, que era o calor, que era o peso porque estou obesa acima do peso. Aí comecei a me sentir doente. Eu não sabia o que eu tinha, mas eu tinha a sensação de estar doente, mesmo. Cheguei a falar aqui várias vezes isso, mas só fui me dar conta que estava com depressão quando comecei a protelar para tomar banho, passei a não ligar mais para meu problema de hirsutismo e passei a sair barbada, sempre de rabo de cavalo porque meu cabelo passou a ficar mais tempo ensebado uma vez que eu tomava banho cada dia mais tarde e fui adentrando na madrugada. Só me dei conta um dia que minha doença era depressão quando comecei a não desejar sair da cama.
É...eu passei dias chorando para sair da cama. Queria ficar lá, deitada, com o quarto fechado. Queria que me esquecessem, que esquecessem que eu existia. Depois de uma semana inteira nessa situação, um dia levantei e...eureca: percebi que estava com depressão e que precisava de tratamento.
Olha, não é fácil admitir que se está doente, ainda mais de uma doença que ninguém entende, mas como não sou de muito mimimi corri atrás.
O que me fazia levantar da cama? Meus filhos! Especialmente a Taís que ainda é muito dependente de mim.
Bem, fui atrás, briguei na ouvidoria do convênio, consegui o médico, estou em tratamento ainda em fase de ajuste da medicação.
Tem dias que estou bem, outros nem tanto. Tem dias que ainda choro bastante e o que mais me angustia é que não vejo motivos para estar assim. Não encontro motivos por mais que eu tente, mas tbm não consigo sair disso como sempre saí, só chacoalhando a saia e me colocando em sintonia com o bom humor.
E em dezembro quando tudo parecia quase bom, o remédio fazendo efeito, eu já me sentindo com humor e sem pensamentos de que nada mais vale à pena, eis que um dia comecei a sentir formigação no rosto enquanto trabalhava com as fotos. Estava anoitecendo, era sábado, a Tamiris fez pão de queijo, lanchamos e em seguida comecei a sentir o coração pulsando rapidamente. Uma palpitação incômoda. Trabalhei até 23 horas e depois fiquei no facebook até quase 2 da madrugada esperando a bendita palpitação passar. Como ela não passou e eu estava cansadérrima, resolvi dormir. Fiz minhas orações, deitei e por volta das 3 da madrugada acordei com o coração tão acelerado que parecia que ia sair pela boca, formigamento no braço, náuseas, falta de ar e aperto no peito. Definitivamente eu estava infartando! Andei pela casa, tomei água e a sensação horrível que a qualquer momento eu ia desmaiar só aumentava. Liguei no 192 e fui resgatada pelo SAMU. Levada ao hospital, fiz eletrocardiograma, aferiram pressão arterial. Tudo normal. Aí, acompanhando a enfermeira rumo à sala do médico, exames sobre a mesa, vem o diagnóstico:
- Dona Cláudia, a senhora não está infatando. Aliás, a senhora nem está com a pressão alta. Não tem nada físico. Glicemia normal, tudo normal!
- o que é isso, então, doutor?
- um ataque de pânico!
Mas como assim? Ataque de pânico? Porquê? De quê? Como? O que desencadeou? Como acontece?
O dia tinha sido tranquilo, estava tudo bem. De onde veio isso? O médico não sabia dizer. Eu olhava para ele espantada, assustada, apavorada e ele olhava para mim com pena!
- E agora? O que eu faço?
- Converse com seu psiquiatra! 
E fim! Tomei uma medicação no soro que me fez dormir 3 dias e não tive mais nada depois.
Quer dizer, não tive mais nada até há alguns dias!
Voltei a sentir o formigamento no rosto, mas nada que um exercício de respiração e um copo de água gelada não resolvesse. Assim eu estava controlando. Ah, e o pensamento: isso não é nada! Isso não é nada! Você não tem nada!

E aí? Deu certo? Não!
Agora estou com pânico de dirigir. Quarta-feira fiquei presa no congestionamento e senti os sintomas todos da outra vez, só que desta vez a dor era na nuca. Derrame? Pressão alta? Que nada! Só queria sair daquele congestionamento!
Filha demora para sair, fico dentro do carro esperando e....lá vêm os sintomas! Quero colocar o carro logo em movimento e voltar para casa! 
Existe alguma ameaça? Não! O que pode acontecer na hora da saída da escola? Nada! Então por quê?
Eu não sei! Não sei e não entendo!

Ontem passei muito mal o dia inteiro. Controlei, controlei e fiquei com medo de perder o controle em algum momento. Só queria dormir e esquecer que o dia existiu, mas a noite chegou e não foi fácil conciliar o sono!
Agora fui pesquisar no Google sobre o pânico! Diz que é um ataque de ansiedade, mas eu não me reconheço como uma pessoa ansiosa. Tá...da primeira vez eu não estava ansiosa, porém os sites onde li a respeito falam sobre a ansiedade e o medo de um novo ataque. Quanto mais se espera por ele, mais frequentemente ele vem! Deve ser isso, então! Estou simplesmente com pavor de que aconteça comigo na rua com as crianças, no carro, no trânsito ou na porta da escola.

Porque estou falando tudo isso? Estou com pena de mim? Absolutamente! 
Estou com medo de ter essa depressão para todo o sempre, amém! Estou com medo de ter esses ataques e me ver limitada a ficar dentro de casa. Estou com medo de muita coisa e estou tentando entender isso tudo!
Postei isso hoje porque sei que existe muito preconceito em relação tanto à depressão, quanto ao pânico. As pessoas adoecem e não admitem porque têm  medo do que familiares, amigos e conhecidos vão pensar ou dizer.
Esta postagem é um alerta. Aos primeiros sintomas busque ajuda, não tenha vergonha nem medo!
Se ninguém à sua volta entende, compreende, não fale nada. Apenas busque ajuda!

Ainda estou fragilizada, ainda estou engatinhando no tratamento e embora eu tenha medo de ficar assim e não sarar mais, embora eu tenha medo de enlouquecer e não terminar de criar meus filhos eu sei que isso tudo tem cura e tempo para acabar!
É possível que só o remédio não dê jeito. É muito provável que eu vá para a terapia...aliás já estou pensando em buscar esse apoio também, assim como o dos florais. Vou correr atrás e não vou descansar enquanto eu não tomar posse de mim novamente e não voltar a ser eu não apenas em alguns momentos, mas   sim em todos os momentos dos meus dias e da minha vida!

Tá sentindo tudo isso? Então corra atrás de você mesma! Vai buscar ajuda! Depois volta para a gente conversar!

Como diz a Ana Maria Braga: 'acoooorda menina!

Vamos acordar, vamos melhorar, vamos viver a vida de forma plena, como se não houvesse amanhã!
Assim como na imagem o tempo pode estar fechado, escuro, mas sempre há uma fresta para o sol e a luz entrarem.
Vamos fazer brilhar nossa luz novamente!

Beijos!

Cláudia

3 comentários:

  1. Claudia, querida. A gente não se conhece pessoalmente, mas mesmo de longe somos parceiras de maternidade, temos na adoção um fio que nos une. Ler o seu depoimento me emocionou, não sabia que estava passando por este momento difícil. Aqui em casa também estamos vivendo um tempo duro: Pablo, meu filho de 16 anos também tem crises de pânico e de perseguição. Ele ainda não conseguiu voltar para a escola, sofre muito e nós também. Ele faz terapia e tem acompanhamento médico, toma remédios que ajudam. Nossa família tá unida pra ajudá-lo. À você, desejo muita força e amor, que sei que vc tem de sobra com seus três filhos e companheiro. Você logo supera isso! Abraço forte, Sonia

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  2. Lendo assim, pude imaginar o que foi pra vc aquele dia no carro. Que difícil deve ser ficar lutando consigo mesma na tentativa de passar mal na frente dos filhos, dentro do carro, no meio da chuva e do transito parado. Bom que você é corajosa e busca solução. Beijinhos e até amanhã!!!

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  3. Oi Claudia, olha eu aqui de novo. Acho que hoje o que eu mais quero é te dar um pouco de luz. convivo com a bipolaridade - que nada mais é que depressão+mania intercalados, desde minha adolesc~encia, e me trato ha cerca de 10 anos. E ó, to aqui. E pra cada um é diferente em parte e igual em outras. e eu to aqui. To sã, sem crises de depressão, tentando vencer meu medo de dirigir, sem crises de ansiedade... To bem. To feliz! (Ok, não 100% do tempo claro, hehehe, mas não estou deprimida). Saio de casa, faço meus trabalhos, encontro alegria em alguma coisa todos os dias. Então força, por que você vai conseguir sair dessa sim! Tem tratamento, tem solução, e você vai sim conseguir ser quem quer ser!
    Força ai, e se precisar de alguém pra conversar, é só me chamar ok?
    To a um e-mail de distância! ;)
    Bjs
    DI

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