terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

E de novo o 'filho adotivo' mata os pais! Com um texto de Luiz Schettini

Infelizmente outro caso de filho que mata pais e infelizmente todas as manchetes dão conta de que 'filho adotivo' mata, como que insinuando novamente que NESTE caso a filiação, o fato de ter sido adotado é a causa do crime!
Ele era usuário de drogas, morava sozinho desde os 16 anos no exterior, envolveu-se com más companhias, estava todo encrencado com leis e TEVE que voltar. Cometeu o crime sendo adotado e teria cometido se fosse biológico porque o fato não ocorreu devido á adoção, mas sim devido ao consumo de drogas, à dependência química. Quantas desgraças familiares estão ocorrendo por conta do maldito crack? 
Estatisticamente falando a maioria dos que matam são filhos biológicos, então se é para ter medo dos filhos, parem todos de procriar, não tenham mais filhos de jeito nenhum porque filhos biológicos TAMBÉM MATAM PAIS. E aí relembro: Suzane Richttoffen, Gil Rugai como filhos e Alexandre Nardoni como pai, todos biológicos, que mataram o 'sangue do seu sangue".
Esse tipo de veiculação lança tanto medo da origem dos filhos adotivos, mas quem pode garantir que nos genes biológicos também não possa haver algo ruim que predisponha a doenças mentais, a distúrbios? Só tem 'gene ruim' quem foi adotado? Ah, vá!
Deixo o texto do psicólogo Luiz Schettini a respeito desta abordagem feita pela imprensa sobre o caso do Bispo e sua esposa, mortos pelo filho!
A PROPÓSITO DE PAIS E FILHOS 
            Seres vivos se agridem. Os humanos não fogem à regra. O que é inaceitável é o peso injusto que se atribui quando essas agressões penalizam pessoas pelo seu grau de parentesco; como se agredir alguém com quem não se comunga qualquer parentalidade fosse um ato de menor importância.
            Estas considerações vêm a propósito de notícia veiculada pela mídia, dando conta de que um filho, em uma ação execrável, agride pai e mãe até a morte e, em seguida, tenta a própria morte. Todos reprovamos e ficamos constrangidos com tal ação destruidora, ainda mais quando oriunda de uma relação de parentesco de tanta profundidade quanto a que liga pais e filho.
            O que causa estranheza e, diria, estarrecimento, é se especificar e acentuar que o autor da ação reprovável é “filho adotivo”. Por que insinuar que o crime cometido o foi por um filho “adotivo”? Porventura tendo alguém se tornado filho por adoção trará em si o germe do distúrbio de comportamento que possa gerar ação tão hedionda? Nunca se viu na mídia qualquer referência com tal ênfase indicando: “Filho biológico mata pai e mãe”. Por que agregar à adoção como forma legítima jurídica e afetiva de parentalidade, a informação insidiosa de que haveria uma íntima relação entre adoção e distúrbio de comportamento, o que, psicologicamente não é verdadeiro?
            Estabelecer tal relação é tentar instalar interrogações, desestímulo  e até medo naqueles que vivem em paz com seus filhos, como também àqueles que buscam dar uma família aos que a sociedade lhes negou tal direito.
             Não é a primeira vez que tomamos conhecimento dessa posição profundamente desumana da mídia, jogando sobre os filhos por adoção responsabilidade pelo simples fato de chegarem às suas famílias pelo instituto da adoção. E mais. É obvio que todos os filhos, sem exceção, são biológicos, ao mesmo tempo em que só poderão vivenciar a real filiação se com eles forem construídos vínculos afetivos com os que os incorporaram como filhos por adoção.
            Em nome de um sensacionalismo informativo, há os que – talvez sem o perceber – são cruéis e pedagogicamente incorretos, martirizando os que estão curando as dores da rejeição ou preenchendo as lacunas da infertilidade. Presta-se um desserviço à humanidade quando se tenta juntar dois elementos que não se podem unir: adoção e deformação do comportamento. Alguém já observou que dos seres vivos que conhecemos somente os humanos têm a “capacidade” de serem desumanos. E, lamentavelmente, alguns o são.
            Lidando há quarenta e um anos, como psicólogo, com pais e filhos adotivos, compulsando a literatura dos países que pesquisam sobre o tema, nunca encontrei qualquer fonte científica que afirmasse que ações agressivas entre seres humanos fosse uma marca naqueles que se tornaram filhos por adoção.
            Chamo aqui à responsabilidade aqueles que permitem a publicação de inverdades que resultam em crime social com prejuízos de extensão incomensurável para crianças que poderão perder, pela segunda vez, a oportunidade de convivência familiar.
Luiz Schettini Filho
Psicólogo
Pai adotivo

9 comentários:

  1. Olá querida, concordo com você!! A causa não pode ser vinculada pelo fato da adoção, como se vê, era um usuário, que como qualquer viciado age na loucura contra todos.Esse tipo de manchete é apelativa e cria uma imagem totalmente errada!! Lindo texto do Luiz, parabéns!!
    Super bjs,
    Elo

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    1. Elo amada, a causa NUNCA é a adoção.
      Fiquei pensando desde que soube do caso sobre o pq deste menino estar longe da família há tanto tempo e arriscava o palpite de abandono emocional que é tão violento e tão perverso quanto o abandono físico e soube através de uma pessoa cuja mãe é amiga do casal e da família que ele foi mandado para o exterior pq dava muito trabalho aqui. Oras, em sendo eles tão beneméritos, tão envolvidos em caridade, em ajudar o semelhante, pq expatriaram o 'filho problema'? Pq não assumiram publicamente que tinham um problema familiar e tentaram ajudar esse menino?
      Não sei ao certo o que aconteceu, mas o fato não ocorreu pela adoção de forma alguma e é muito injusto quando fazem esse tipo de associação na mídia.
      Esquecem que toda história tem dois lados!
      Enfim...
      Obrigada pelo carinho de sempre!

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  2. Muito bom post, também li a matéria, fiquei chocada, mas não associo o caso ao fato do jovem ser adotivo, mas sim ao uso de drogas. Triste.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Renata que bom que vc não associa. Infelizmente a leitura que a maioria das pessoas faz desse tipo de manchete é: "é isso que dá pegar filho dos outros pra criar. A paga é a morte". Em ocorrendo uma fatalidade destas em famílias de bem, se o autor for biológico se dissocia a filiação e a causa está no filho, entretanto se ele é adotivo associa-se o ato à filiação e isso parece explicar o ato como ingratidão!
      E é sempre assim.
      Uso de drogas, abandono emocional, distúrbios não tratados adequadamente, qualquer um destes motivos pode provocar uma desgraça dessa e isso independe de o filho ser biológico ou adotivo.

      Grande beijo,

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  3. Passei para conhecer o seu blog...
    Quabdo o assunto é esse todos ficamos chocados,afinal damos todo o amor e tudo de melhor para eles...Nesse caso,com certeza,ele usou apenas uma desculpa para seus atos.A droga é realmente a causa e é muito triste ver jovens fazendo besteiras e morrendo por causa das drogas...
    Sua família é linda...Parabéns...
    Te convido a conhecer meu blog...


    http://sweet-dreams-jp.blogspot.com/


    Bjos...

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    1. Juliana seja bem vinda!

      Quando o assunto é filhos que matam pais todos ficamos chocados!
      A questão é que grande parte das pessoas acha que filhos adotados têm obrigação de serem gratos como se ter-se tornado filho adotivo fosse um favor que os pais lhe fizeram e adoção não é favor é opção de mater/paternidade.
      Imagina-se que todos os pais dêem todo o amor e tudo de melhor para qualquer filho, seja este biológico ou adotivo.
      Nesse caso ele não está usando a adoção como desculpa. Quem está usando a adoção para justificar o que ele fez é a imprensa!

      Grande abraço

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  4. Bom dia , tudo bem?

    O meu nome é Maria. Ao fazer algumas pesquisas pela internet acabei me deparando com o teu blog e preciso confessar que o achei muito interessante!!! Muito boa a forma como você se comunica, seja pelas imagens ou seja pelos textos.


    Eu trabalho com o Baby.com.br você conhece? Fundada em julho de 2011, a Baby.com.br surgiu como uma empresa de serviço de comércio eletrônico criado especialmente para pais, mães e gestantes no Brasil. A empresa tem como objetivo oferecer uma maneira fácil, conveniente e rápida para que os pais possam encomendar produtos para seus filhos no conforto de suas casas. O Baby é uma loja virtual com artigos para bebês e acessórios para facilitar o dia dia das mamães. No Baby você consegue comprar com muita facilidade acessórios para passeios, banho e higiene, brinquedos, cadeiras para carro, roupas, sapatos, fraldas e etc. E o frete é grátis para todo Brasil.

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    Caso você tenha outras idéias, por favor, me diga!

    O que acha? Aceita o convite?

    Aguardo sua resposta!


    Abraços,


    Maria.
    e-mail: maria@baby.com.br

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    1. Maria, boa tarde!

      Agradeço imensamente seu contato, entretanto não posso aceitar sua proposta porque não tenho como objetivo utilizar meu blog para anúncios de produtos ou serviços, bem como avaliação de produtos ou sorteios.
      Meu blog eu mantenho por que gosto de compartilhar experiências e trazer à tona assuntos concernentes ao tema adoção com o intuito de esclarecer o que seja adoção e tentar dirimir preconceitos e não pretendo mudar o foco para algo comercial.
      Assim como não pretendo utilizar meu espaço de forma comercial, ainda que parcialmente, também não frequento blogs comerciais e não participo dos sorteios.
      Penso que não seja possível associar o foco do tema do seu blog com temas comerciais e não gostei dos blogs que migraram para esta modalidade. Ficaram desinteressantes, perderam a emoção dos temas escritos descomprometidamente.

      Em sendo assim, me despeço grata por sua compreensão!

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